Pesquisas recentes sugerem que supernovas poderosas podem ter contribuído para duas das extinções em massa mais significativas da Terra, eventos que não foram completamente elucidados até o momento. O ciclo de vida de estrelas gigantes culmina em uma explosão termonuclear conhecida como supernova, que habitualmente resulta na destruição da estrela e na liberação de material e radiação no espaço. Uma equipe de cientistas associou explosões estelares ocorridas nas proximidades da Terra a pelo menos uma, possivelmente duas, das extinções em massa, baseando-se na taxa de supernovas de estrelas próximas ao Sol, localizadas a até 65 anos-luz, ao longo do último bilhão de anos.
Os pesquisadores integraram dados do telescópio espacial Gaia, da Agência Espacial Europeia, em um estudo abrangente sobre estrelas massivas dos tipos O e B, que têm vida curta. Os resultados indicam que, em média, podem ocorrer 2,5 supernovas que teriam algum impacto na Terra a cada bilhão de anos. Esse número sugere que uma ou duas supernovas poderiam haver afetado o planeta nos últimos 500 milhões de anos, período durante o qual a vida evoluiu significativamente na Terra. Essa taxa é inferior à estimativa anterior, levando os pesquisadores a considerar a conexão entre supernovas e extinções em massa.
Eventos catastróficos desse tipo ocorreram cinco vezes nos últimos 500 milhões de anos, resultando no desaparecimento de uma grande quantidade de espécies, tanto aquáticas quanto terrestres, em um intervalo geológico relativamente curto. Os pesquisadores indicaram que estrelas massivas podem desempenhar papéis tanto criadores quanto destrutores de vida. As explosões de supernova, por exemplo, introduzem elementos químicos pesados no meio interestelar, que podem se tornar parte de novas estrelas e planetas. No entanto, caso um planeta, como a Terra, esteja situado próximo a uma dessas explosões, os impactos podem ser devastadores.
Embora o estudo não apresente evidências diretas de que uma supernova tenha causado extinções em massa, a equipe investiga a possibilidade de que uma explosão estelar tenha influenciado eventos de extinção, como o do Devoniano Tardio, há 372 milhões de anos, e o do Ordoviciano Tardio, há 445 milhões de anos. A hipótese sugere que uma supernova poderia ter danificado a camada de ozônio, que protege a Terra da radiação nociva, desencadeando uma série de efeitos que poderiam culminar em extinções em massa.
Durante a era Devoniana, observou-se um aumento da diversidade biológica, com o surgimento das primeiras plantas e animais que transitavam do ambiente aquático para a terra. Contudo, essa diversificação foi severamente impactada, resultando na extinção de várias espécies, incluindo peixes. Similarmente, a catástrofe do Ordoviciano levou à extinção de cerca de 85% das espécies existente na época, quando a vida estava predominantemente restrita aos oceanos.
Um especialista em paleontologia destacou a necessidade de identificar uma correlação entre explosões de supernova e extinções em massa, sugerindo que evidências tangíveis são essenciais para validar a teoria. Para isso, seria necessário encontrar elementos exóticos, resultantes de supernovas, em quantidades detectáveis nos registros sedimentares da época.
Embora tenha sido estabelecido que eventos celestiais provocaram, de fato, pelo menos uma extinção em massa, como o impacto de um asteroide que eliminou os dinossauros há 66 milhões de anos, a pesquisa sobre supernovas ainda carece de evidências que confirmem sua relação com extinções em massa. Estudos anteriores revelaram a relação do enriquecimento de irídio, um elemento raro na superfície terrestre, com a extinção do final do Cretáceo, após a descoberta de uma camada sedimentar rica nesse elemento, resultante do impacto do asteroide.
A teoria das supernovas, portanto, precisa de um equivalente aos marcadores geológicos existentes, como o irídio, para corroborar suas hipóteses. Elementos como ferro-60, produzidos em grande quantidade durante supernovas, são considerados potenciais marcadores nesse contexto. Além disso, é possível investigar a depleção de ozônio em rochas e sedimentos para auxiliar nos estudos.
Embora uma série de eventos, frequentemente iniciados por erupções vulcânicas, seja a explicação predominante para as extinções em massa, a proposta da pesquisa é destacar a nova escala temporal identificada para supernovas e suas possíveis relações com esses eventos de extinção na Terra. Em suma, o estudo busca enfatizar a importância dos dados coletados e a necessidade de mais pesquisas para elucidar esses fenômenos cósmicos e suas consequências na história da vida na Terra.