9 abril 2025
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EUA Aumentam Ofensivas contra Houthis, Mas Grupo Mantém Resiliência

Nas últimas semanas, os ataques aéreos dos Estados Unidos têm se concentrado em alvos do grupo Houthi no Iémen, incluindo refinarias de petróleo, aeroportos e locais de lançamentos de mísseis. O governo americano, sob a liderança do presidente, está determinado a utilizar “força esmagadora” até que suas metas de impedir os ataques do grupo aos navios no Mar Vermelho sejam alcançadas. Os Houthis aumentaram suas operações contra embarcações comerciais em apoio aos palestinos durante o conflito na Faixa de Gaza, que teve início em outubro de 2023, resultando em mais de 100 ataques e o afundamento de duas embarcações. A consequência direta disso é que cerca de 70% dos navios mercantes agora desviam suas rotas, optando por uma longa viagem ao redor do sul da África.

As autoridades dos EUA afirmam que suas ações têm surtido efeito, citando a morte de vários líderes do grupo. No entanto, cada nova ofensiva traz desafios adicionais. Os Houthis são descritos como altamente resilientes, fazendo uma analogia com texugos, conhecidos por sua bravura quando ameaçados. Apesar de estimativas que indicam a morte de cerca de 80 oficiais militares do grupo, a estrutura de liderança dos Houthis parece permanecer firme. Desde março, eles lançaram diversos mísseis balísticos em direção a Israel, além de drones e mísseis visando embarcações dos EUA, embora esses ataques não tenham causado danos significativos.

Relatos indicam que a operação militar americana contra os Houthis já consumiu cerca de 1 bilhão de dólares em menos de três semanas, sendo que os resultados até agora mostram pouca eficácia na redução das capacidades operacionais do grupo. Militantes Houthis, longe de se sentirem intimidados, ameaçaram ampliar seus alvos para incluir os Emirados Árabes Unidos, país que apoia o governo rival no Iémen. Autoridades sauditas também relataram que suas defesas aéreas estão em alerta máximo. Um porta-voz Houthi reiterou que os ataques aéreos não impedirão as forças de realizar suas funções religiosas, morais e humanitárias.

Embora a operação dos EUA tenha causado uma degradação nas capacidades do grupo, especialistas indicam que os Houthis ainda mantêm uma alta tolerância ao sofrimento e estão acostumados a combater forças muito mais bem equipadas. A resiliência do grupo é sustentada por uma rede elaborada de contrabando que fornece peças de mísseis e outros materiais. Investigações apontaram a descoberta de equipamentos sofisticados misturados em embarcações interceptadas, os quais poderiam ampliar significativamente a capacidade dos drones Houthi.

Os Houthis têm sobrevivido a inúmeras ofensivas ao longo dos anos, incluindo uma campanha saudita iniciada há uma década. Além disso, a percepção de suas capacidades pelos ocidentais pode estar errada, uma vez que a falta de compreensão sobre a liderança e a estrutura interna do grupo tem gerado lacunas na inteligência ocidental. Especialistas também questionam a eficácia de bombardeios contínuos, que historicamente não conseguiram forçar o grupo a negociações. O que poderia forçar uma mudança real seria a perspectiva de derrotas terrestres significativas.

A situação no terreno sugere que apenas uma ofensiva física sustentada pode desalojar os Houthis de suas posições estratégicas, já que atualmente controlam áreas chave como a capital Sanaa e o porto de Hodeidah. Analistas indicam que acreditam erroneamente na eficácia de ataques aéreos como uma forma de forçar recuos. Além disso, os Houthis podem estar aproveitando a situação como uma oportunidade de escalar suas reivindicações contra a presença americana na região.

Os Houthis enfrentam um governo internacionalmente reconhecido que é apoiado principalmente pelos Emirados Árabes Unidos, e a unidade dessa força é incerta. Os Estados Unidos não devem enviar tropas para o campo de batalha, mas podem fornecer logística e apoio direto aos seus aliados locais. Por sua vez, a Arábia Saudita está preocupada com possíveis retaliações dos Houthis e depende do suporte dos EUA para proteger sua infraestrutura.

Recentemente, iniciou-se a preparação para uma possível operação terrestre que poderia incluir uma ofensiva coordenada, mas a viabilidade dessa estratégia permanece incerta, dado o histórico de operações na última década que resultaram em sucessos e fracassos. Em relação ao Irã, as autoridades americanas reiteram que qualquer ataque dos Houthis será respondido com consequências severas. Porém, a influência direta do Irã sobre os Houthis é questionável, uma vez que o grupo goza de certa autonomia, apesar de ser visto como parte do eixo de resistência iraniana.

A escalada da campanha militar dos EUA sugere um possível aumento das tensões na região. Estratégias envolvendo bombardeios estão sendo realocadas para garantir a eficácia contra alvos no Iémen e enviar um sinal a Teerã sobre as intenções americanas. Com isso, as próximas semanas podem se configurar como um teste crítico para a resistência e adaptabilidade dos Houthis frente à pressão militar.

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