Proposta dos Estados Unidos contempla uma trégua de 60 dias, acompanhada de trocas sucessivas de reféns e prisioneiros. Entretanto, o grupo terrorista Hamas condiciona sua aceitação à implementação de um cessar-fogo permanente e à retirada total das forças israelenses da Faixa de Gaza.
Neste sábado, o Hamas anunciou ter enviado uma resposta formal à proposta de trégua. Contudo, o enviado americano para o Oriente Médio, Steve Witkoff, declarou a resposta como “inaceitável” e acusou o grupo de procrastinar as negociações. Witkoff sugeriu que o Hamas deveria considerar a proposta como uma base para futuros diálogos, que poderiam ser iniciados já na próxima semana.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alinhou-se às declarações de Witkoff, acusando o Hamas de adotar uma postura de rejeição. Fontes próximas às negociações informaram que o Hamas enviou sua resposta por escrito, expressando uma posição favorável, mas com a condição de um cessar-fogo permanente e retirada total das forças israelenses.
No comunicado divulgado, o Hamas manifestou sua disposição para libertar dez reféns capturados em 7 de outubro de 2023, além de entregar os corpos de 18 vítimas, em troca de um número acordado de prisioneiros palestinos. A proposta dos EUA sugere uma trégua inicial de 60 dias, com possibilidade de prorrogação por mais dez, além de trocas consecutivas de reféns e prisioneiros. Na primeira fase desse plano, o Hamas entregaria cinco reféns e os corpos de nove mortos, enquanto novas trocas seriam realizadas na segunda semana.
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 resultou na morte de 1.218 pessoas em Israel, a maioria civis, e 251 sequestrados. Atualmente, 57 permanecem em cativeiro, com pelo menos 34 considerados mortos. A ofensiva militar israelense, desde então, causou a morte de mais de 54 mil palestinos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, uma informação considerada confiável pela ONU.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, advertiu esta semana que o Hamas deve aceitar a proposta dos EUA, ou enfrentará consequências severas. O Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, reiterou o objetivo de um cessar-fogo definitivo, retirada das tropas israelenses e aumento da ajuda humanitária.
A situação humanitária em Gaza deteriora-se rapidamente. O Escritório da ONU para Assuntos Humanitários (OCHA) classificou o território como “o lugar com mais fome do mundo”, alertando que a população enfrenta risco de fome extrema. Apesar de os EUA terem afirmado que Israel aceitou a proposta, o governo israelense ainda não confirmou isso publicamente. Recentemente, o exército de Israel anunciou que projéteis lançados de Gaza atingiram áreas desabitadas, enquanto a ofensiva militar continua visando a neutralização do Hamas e a liberação dos reféns restantes.