A bancada evangélica, uma das mais significativas do Congresso Nacional, antecipou para terça-feira (25) a eleição do novo presidente do grupo. Este é o primeiro momento em que a escolha será feita através de voto, dado o atual cenário de divisão interna. Em anos anteriores, as decisões eram realizadas por consenso, mesmo diante de impasses iniciais. A eleição foi adiantada em um dia para assegurar a presença de um número suficiente de congressistas durante a votação, especialmente considerando que o feriado de Carnaval pode reduzir a atividade legislativa.
Atualmente, a bancada é composta por 219 deputados e 26 senadores, e enfrenta um ambiente de polarização. Os candidatos na disputa são os deputados Gilberto Nascimento (PSD-SP), Otoni de Paula (MDB-RJ) e Greyce Elias (Avante-MG). Nascimento se destaca por seu perfil conservador, enquanto Otoni de Paula tem buscado estabelecer uma comunicação com o governo, o que gerou divergências dentro do grupo. Greyce Elias participa da disputa, mas está em uma posição de destaque menor.
Otoni de Paula declarou que não está alinhado com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embora busque um diálogo com o executivo caso seja eleito. Ele enfatizou que a frente evangélica não deve se transformar em um apêndice do bolsonarismo ou ser subserviente ao governo. Para Otoni, a bancada precisa adotar uma postura mais política, semelhante à bancada do agronegócio, que negocia com as autoridades, apesar da predominância de deputados de oposição.
Os outros candidatos também estão mobilizando esforços para conquistar o apoio necessário à véspera da eleição. Gilberto Nascimento explicou que a mudança na data da votação foi acordada entre os três candidatos. Após a eleição, o novo presidente deverá liderar um culto semestral de Santa Ceia. Nascimento expressou otimismo quanto à participação dos colegas nas reuniões da bancada, destacando a efetividade e o envolvimento ativo dos membros.
A bancada já enfrentou impasses nas escolhas de lideranças anteriormente. Em 2023, quase houve uma votação para definir se a coordenação ficaria com Eli Borges (PL-TO) ou Silas Câmara (Republicanos-AM), sendo que a solução foi uma alternância de cargos a cada seis meses durante dois anos. Greyce Elias, por sua vez, argumenta que a bancada deve ser mais unida e forte para defender seus princípios no Congresso, visando fortalecer a articulação do grupo e ampliar sua influência nas comissões estratégicas.
Nos últimos anos, o eleitorado evangélico ganhou significativa importância e tem sido alvo de estratégias direcionadas durante as campanhas eleitorais. O governo Lula tem buscado aproximação com esse segmento, apesar das resistências encontradas. No ambiente legislativo, a bancada se posiciona favoravelmente a pautas conservadoras, incluindo a proibição do aborto, mesmo nas situações contempladas pela lei.
