Na terça e na quarta-feira, os procuradores apresentaram o ex-presidente Nicolas Sarkozy como o principal responsável por um esquema de corrupção relacionado ao ditador Muammar Gaddafi. As acusações foram descritas como um pacto “inconcebível, inaudito e indecente”, que teria sido estabelecido para financiar sua campanha eleitoral de 2007.
Na quinta-feira (27), a promotoria financeira francesa requisitou uma pena de sete anos de prisão para Sarkozy, além de uma multa de 300 mil euros, equivalente a cerca de 1,86 milhão de reais. O ex-presidente, que é casado com a cantora e modelo Carla Bruni, ouviu a petição de maneira séria no tribunal. Também foram solicitadas penas de prisão aos ex-ministros Claude Guéant e Brice Hortefeux, sendo seis e três anos, respectivamente, por sua participação em preservar a corrupção junto ao regime líbio.
Os procuradores elucidaram as “contrapartidas” que teriam sido oferecidas em retornos diplomáticos, jurídicos e econômicos ao governo da Líbia. Eles afirmaram que os rastros financeiros referentes à campanha eleitoral sustentam as evidências do caso. O Ministério Público argumentou que todos os delitos imputados, que incluem corrupção, ocultação de desvio de fundos públicos, financiamento ilegal de campanha e formação de quadrilha, foram devidamente comprovados.
O procurador Sébastien de la Touanne destacou a necessidade de uma pena de prisão rigorosa e multa, além da privação de “certos direitos civis”, para proteger a sociedade, apontando a “ambição política devoradora” do acusado. Em resposta às acusações e à gravidade da pena solicitada, Sarkozy, de 70 anos, declarou que considera tais afirmações falsas e uma tentativa de encobrir a fragilidade das alegações.
Além de Sarkozy, outras 11 pessoas estão sendo julgadas no mesmo processo, incluindo o ex-ministro Éric Woerth, perante o qual a promotoria pediu uma pena de um ano de prisão e uma multa por cumplicidade em financiamento ilegal. Sarkozy, que mantém sua inocência desde o início do julgamento, deverá apresentar os argumentos finais de sua defesa em 8 de abril e já foi condenado previamente a um ano de prisão por corrupção em um caso distinto, estando atualmente cumprindo a pena em casa sob monitoramento eletrônico.