A ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, está prevista para chegar ao Brasil nesta quarta-feira (16) em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB). Segundo informações provenientes do Palácio do Itamaraty e da defesa de Heredia, a chegada à base aérea de Brasília está prevista para ocorrer por volta das 12h. Heredia, que é esposa do ex-presidente peruano Ollanta Humala, solicitou e recebeu asilo diplomático do Brasil na terça-feira (15), logo após a Justiça peruana condenar o casal a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro recebida de forma ilícita da empreiteira Odebrecht, destinada a financiar campanhas eleitorais.
O asilo foi confirmado pelo Ministério das Relações Exteriores do Peru. Durante a viagem, Nadine é acompanhada por Samin Mallko Ollanta Humala Heredia, o filho mais novo do casal, que também obteve asilo. O advogado brasileiro Leonardo Massud, do escritório Massud, Sarcedo e Andrade, que assessora a defesa do ex-presidente, informou que o avião da FAB fez uma parada em Cuiabá para reabastecimento antes de seguir para Brasília. A defesa destacou que o uso da aeronave da FAB foi decidido por questões de segurança, dado que seria complicado para Heredia utilizar um voo comercial.
Após a sentença, a ex-primeira-dama entrou na embaixada brasileira em Lima, buscando proteção diplomática. A juíza Nayko Coronado Salazar, responsável pelo caso, havia emitido mandados de prisão imediata após a decisão do tribunal. O governo brasileiro comunicou à chancelaria peruana a concessão do asilo diplomático, o que levou a presidente peruana Dina Boluarte a emitir um salvo-conduto na noite de terça-feira, permitindo que Heredia e seu filho deixassem o país. Humala e Heredia foram acusados de receber recursos da Odebrecht, que agora é chamada Novonor, durante a campanha eleitoral vitoriosa de 2011. O tribunal também indicou que o casal recebeu dinheiro do governo venezuelano, na época liderado por Hugo Chávez. Heredia refutou as alegações de ter recebido recursos do governo de Chávez ou de qualquer empresa brasileira.
Esta situação faz parte de um escândalo de corrupção mais abrangente que envolve diversas lideranças no Peru. O governo peruano afirmou estar em “constante comunicação sobre essa situação” com as autoridades brasileiras. A Odebrecht, antiga gigante da construção civil, admitiu ter corrompido governos em toda a América Latina para expandir seus negócios. A empresa mudou de nome para Novonor em 2020 e está atualmente em processo de falência. Ollanta Humala é o segundo ex-presidente do Peru a ser preso no contexto da Operação Lava Jato, sendo esse um esquema de corrupção que também implicou outros ex-presidentes, incluindo Alan Garcia, que cometeu suicídio em 2019 ao ser abordado pela polícia, e Pedro Pablo Kuczynski, que renunciou em 2018 após apenas dois anos no cargo. Por sua vez, Toledo foi condenado a 20 anos de prisão por receber US$ 35 milhões em propina para contratos de obras públicas. Ex-executivos da Odebrecht afirmaram em tribunal que a empresa financiou a maioria dos candidatos presidenciais no Peru ao longo de quase 30 anos.