A ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, solicitou refúgio no Brasil nesta quarta-feira, dia 16. Ela chegou a Brasília em um avião da Força Aérea Brasileira após o governo brasileiro conceder asilo diplomático. O Ministério da Justiça do Brasil anunciou que Heredia e seu filho menor de idade solicitaram à Polícia Federal o reconhecimento de sua condição de refugiados, conforme a Lei Brasileira de Refúgio. Após a solicitação, a Polícia Federal emitiu os registros que permitem a estadia deles no Brasil até que haja uma decisão final sobre o pedido de refúgio.
Os próximos passos dependem do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), que é o responsável por decidir sobre os pedidos de refúgio. Nos dois primeiros anos da administração de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil recebeu 126.787 solicitações de refúgio e reconheceu 90.904 pessoas como refugiadas.
O advogado que representa Nadine, Marco Aurélio de Carvalho, afirmou que a ex-primeira-dama e seu filho, Samin Mallko Ollanta Humala Heredia, têm a intenção de residir em São Paulo.
A solicitação de asilo diplomático ocorreu na terça-feira, dia 15, apenas algumas horas após a Justiça peruana ter condenado Nadine Heredia e seu esposo, o ex-presidente Ollanta Humala, a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais. A defesa de Heredia alegou perseguição política como base para o pedido de asilo, além de mencionar problemas de saúde, como um câncer que ela enfrenta.
O caso em questão está relacionado ao escândalo da Odebrecht, no qual Ollanta Humala e sua esposa foram acusados de terem recebido recursos da empresa para sua campanha eleitoral de 2011. O tribunal também indicou que o casal recebeu dinheiro do governo venezuelano, que à época era liderado por Hugo Chávez. A defesa planeja recorrer da decisão em instâncias superiores, e o caso está inserido em um escândalo maior que envolve diversos líderes peruanos.
A comunicação entre o governo do Peru e o governo brasileiro sobre esta situação continua em andamento. O ex-presidente Ollanta Humala, um oficial militar aposentado que governou o Peru de 2011 a 2016, deverá cumprir sua pena em uma base policial projetada especificamente para abrigar líderes políticos presos. No local, encontram-se detidos outros ex-presidentes, como Alejandro Toledo e Pedro Castillo, enquanto Alberto Fujimori esteve lá até sua libertação em 2023. Durante seu julgamento, que durou três anos após uma investigação iniciada em 2016, Humala classificou as acusações como uma forma de perseguição política.