Um tribunal na Tunísia anunciou, nesta sexta-feira (2), uma condenação de 34 anos de prisão para o ex-primeiro-ministro Ali Larayedh. O ex-premiê foi considerado culpado por facilitar a saída de jihadistas para a Síria na última década, conforme informações divulgadas por seu advogado à agência Reuters. Em sua defesa, Larayedh afirmou ao juiz que não teve nenhuma relação de conivência com atos de violência ou terrorismo.
Larayedh, que ocupou o cargo de primeiro-ministro entre 2013 e 2014, é uma figura significativa do partido Ennahda, que tem se destacado como um dos principais adversários do atual presidente, Kais Saied. Desde a revolução de 2011, milhares de cidadãos tunisianos se deslocaram para a Síria, Iraque e Líbia para se unir ao Estado Islâmico. Durante seu mandato, foram levantadas críticas ao partido Ennahda por supostamente facilitar esses deslocamentos, algo que Larayedh nega categoricamente.
O partido Ennahda rejeita as acusações de envolvimento com atividades terroristas, alegando que as acusações têm motivações políticas e são parte de um movimento de repressão à dissidência. Isso ocorre em um contexto em que o presidente Kais Saied acumulou amplos poderes em 2021, após dissolver o parlamento e começar a governar por meio de decretos.
A condenação de Larayedh foi proferida uma semana após a prisão do destacado advogado Ahmed Souab, conhecido por suas críticas ao governo de Saied. Outras decisões judiciais também resultaram em sentenças de prisão para líderes da oposição, empresários e figuras da mídia, todos acusados de conspiração. A agência estatal TAP informou que as sentenças variam de 18 a 36 anos para oito indivíduos citados.
Organizações de direitos humanos qualificaram essas sentenças, assim como a detenção de Souab, como um aumento preocupante na repressão a vozes opositoras. O governo, por sua vez, refutou as alegações de repressão política e reafirmou a independência do sistema judiciário.
