O exército dos Estados Unidos está anulando mais de 90 estudos, incluindo aqueles que foram desconsiderados pelo Secretário de Defesa, Pete Hegseth, como irrelevantes em relação às mudanças climáticas. Nos últimos dez anos, oficiais militares e de inteligência identificaram potenciais ameaças à segurança decorrentes das mudanças climáticas, que englobam desastres naturais em regiões costeiras densamente habitadas e prejuízos a bases militares norte-americanas em diversas partes do mundo.
Em uma postagem nas redes sociais, Hegseth enfatizou que o Departamento de Defesa não considera os estudos sobre mudanças climáticas como irrelevantes. Ele tomou posse na nova administração do presidente Donald Trump no dia 25 de janeiro. O Pentágono, por sua vez, republicou uma captura de tela de uma notícia que mencionava a declaração de Hegseth, rotulando-a como uma “verificação de fatos verdadeira”.
Em comunicado separado, o Pentágono anunciou que descartaria 91 estudos em ciências sociais, que abrangem desde padrões globais de migração e impactos climáticos até diversas tendências sociais, prevendo uma economia de aproximadamente 30 milhões de dólares em um ano. Entre os estudos cancelados estão títulos como “Determinantes sociais e institucionais de vulnerabilidade e resiliência a riscos climáticos no Sahel africano” e “Conflitos por alimentos: narrativas de guerra e reprodução de identidade em cenários conflituosos”.
Uma pesquisa do Pentágono realizada em 2018 revelou que quase metade das instalações militares dos EUA estava sob risco devido às mudanças climáticas. Durante a administração anterior, sob a presidência de Joe Biden, o Pentágono havia se comprometido a considerar os riscos climáticos em simulações militares. No entanto, a abordagem da administração Trump foi diferente. Na semana passada, este governo anunciou sua retirada de um conselho do fundo de danos climáticos da ONU, que tinha a finalidade de auxiliar países em desenvolvimento e vulneráveis a enfrentarem desastres associados às mudanças climáticas. A retirada é uma das várias iniciativas que ao longo do tempo têm afastado a administração Trump de compromissos multilaterais.
