A exposição “Memória em Julgamento: Histórias que marcaram a Justiça e a Sociedade” será aberta ao público no Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília, a partir de 11 de junho de 2025, às 18h, com entrada gratuita. A mostra promete revelar os bastidores de disputas judiciais que tiveram grande impacto na história do Brasil, abordando casos desde o período colonial até questões contemporâneas que refletem transformações sociais significativas.
O acervo inclui julgamentos de casos emblemáticos, como o da “legítima defesa da honra”, que isentou o réu da morte de Ângela Diniz, além de documentos relacionados à promulgação da Lei do Divórcio na década de 1970, que reformulou as estruturas familiares. Outro caso emblemático que será apresentado é o da Chacina da Candelária, ocorrida em 1993.
Dentre os casos a serem explorados, destacam-se as disputas familiares envolvendo os herdeiros dos músicos Tim Maia e Raul Seixas. Os conflitos jurídicos em torno das obras desses artistas impediram a exploração comercial de seus legados após suas mortes.
Em relação a Tim Maia, que faleceu em 1998, os documentos disponíveis detalham um inventário tumultuado. O único filho do cantor, Carmelo Maia, enfrentou uma disputa judicial com Adriana Pereira da Silva, que alegava ser sua companheira e a responsável pela administração de seus bens. Os registros judiciais revelam decisões rigorosas, como o bloqueio de contas e o uso de força policial para acessar os bens do artista. Ao final, a Justiça reconheceu Carmelo como o único herdeiro, desconsiderando a reivindicação de Adriana.
A situação de Raul Seixas é marcada por um tom mais triste. O roqueiro faleceu em 1989, em circunstâncias solitárias, sem bens imóveis e com uma quantia modesta em sua conta bancária. O inventário realizado foi baseado nos direitos autorais, que foram divididos entre suas três filhas, uma delas adotada posteriormente pelo padrasto nos Estados Unidos.
O acervo também inclui cartas comoventes, como uma missiva da mãe de Raul, Eugênia Seixas, endereçada à nora Kika, expressando a tristeza do artista em relação à solidão e aos laços familiares perdidos. De acordo com a documentação, os conflitos pessoais de Raul persistiram até os seus últimos dias, revelando a complexidade da vida de um artista brilhante, imerso em problemas emocionais antes de sua morte.