Famílias americanas que perderam entes queridos durante os ataques de 7 de outubro de 2023, perpetrados pelo Hamas contra Israel, entraram com uma ação judicial na segunda-feira (7) contra o empresário palestino-americano Bashar Masri. Os familiares alegam que Masri forneceu apoio na construção de infraestrutura que facilitou a realização da ofensiva pelos militantes do Hamas. O processo judicial, que foi apresentado no Tribunal Distrital dos EUA para Washington, D.C., é considerado um caso inédito envolvendo um cidadão americano acusado de oferecer suporte significativo aos ataques que provocaram um conflito mais amplo no Oriente Médio.
O escritório de Masri declarou que a ação judicial é “infundada”. Em um comunicado relacionado ao processo, foi afirmado que propriedades sob sua posse, que incluem dois hotéis de luxo e o Parque Industrial de Gaza, “escondiam túneis sob elas e tinham entradas acessíveis de dentro das propriedades, utilizadas pelo Hamas em operações terroristas antes, durante e depois de 7 de outubro”. O documento também menciona que os réus facilitaram a construção e a ocultação destes túneis e teriam construído instalações de painéis solares em cima dos túneis, que posteriormente foram usadas para fornecer eletricidade ao Hamas.
Os ataques de 7 de outubro resultaram na morte de cerca de 1,2 mil israelenses, incluindo mais de 40 cidadãos americanos, e provocaram retaliações israelenses em Gaza, que levaram à morte de mais de 50 mil palestinos. A ação judicial, que tem como alvo Bashar Masri e suas empresas, foi apresentada em nome de quase 200 autores americanos, entre eles sobreviventes e familiares das vítimas. O advogado Lee Wolosky, do escritório de advocacia Willkie Farr & Gallagher LLP, que representa os demandantes, afirmou que o objetivo é expor aqueles que ajudaram e apoiaram o Hamas e buscar responsabilizar indivíduos e empresas que aparentaram uma imagem legítima ao mundo ocidental, mas que colaboraram ativamente com o grupo terrorista.
O processo alega que o GIE foi estabelecido com financiamento público dos contribuintes americanos pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), visando promover o crescimento econômico na região. O documento argumenta que, devido à “fraude dos réus”, a rede de túneis do Hamas foi construída com o auxílio de projetos de infraestrutura e energia financiados por instituições internacionais, incluindo a Corporação Financeira Internacional (IFC) do Banco Mundial. O gabinete de Masri refutou as alegações, afirmando que ele defenderá sua posição na Justiça e que nunca se envolveu em atividades ilegais ou apoiou a violência.
Além disso, a execução de grandes projetos em Gaza, antes da escalada do conflito, requereria a aprovação e cooperação das autoridades do Hamas, que construiu uma vasta rede de túneis em todo o território. De acordo com um artigo publicado em março, fontes diplomáticas não identificadas mencionaram que Masri atuou como conselheiro do enviado do presidente Donald Trump para a libertação de reféns mantidos em Gaza. O mesmo artigo descreveu Masri como um “empreendedor experiente” cuja abordagem alinhava-se com a visão econômica da administração Trump para a região.
As autoridades do Departamento de Estado e da Casa Branca não se manifestaram prontamente sobre as informações divulgadas. Em uma entrevista concedida em outubro de 2020, Bashar Masri expressou apoio aos laços entre o Golfo Árabe e Israel, uma posição criticada por líderes palestinos, afirmando que tal conexão poderia pressionar para interromper os assentamentos judaicos em terras ocupadas. O empresário ressaltou que os palestinos não devem perder a esperança, afirmando que “se perdermos a esperança, não haverá Palestina, nem povo palestino”.