20 março 2025
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Family Offices em Ação: Turim Adquire a Vita e Integra à Tori

O family office Turim adquiriu uma participação na Vita, uma empresa de investimentos estabelecida em 2016 e que possui R$ 3,5 bilhões sob consultoria. A transação, que envolve tanto dinheiro quanto ações, resulta na saída da Gorila, que tinha obtido uma participação minoritária na Vita em 2021. Como parte do acordo, a Vita foi dividida em duas entidades: Vita MFO e uma aceleradora de Multi Family Offices.

A Vita MFO será incorporada à Tori, uma unidade de gestão de fortunas criada pela Turim no final do último ano para atender clientes com patrimônio inferior a R$ 100 milhões, o que agora eleva o capital sob gestão da Tori para R$ 4 bilhões. Neste cenário, a Turim assume o controle majoritário da Tori. O segmento B2B, que se concentra na aceleração de family offices, manterá a marca Vita e contará com a Turim como acionista minoritária.

Ricardo Guimarães Filho, fundador da Vita e ex-profissional de instituições como Goldman Sachs e Morgan Stanley, assumirá o cargo de co-CEO da Tori. Outros sócios, incluindo Arthur Mello, Tharcisio S. Santos e Claudia N. Salles, se juntam a Rodrigo Rocha e Fernanda Valle na equipe de liderança da Tori.

Guimarães menciona que consideraram várias alternativas para prover liquidez ao Gorila e que a proposta da Turim foi recebida com entusiasmo, já que a empresa sempre foi vista como um referencial no setor. Com este movimento, a Vita irá transferir para a Tori sua tecnologia em consolidação de patrimônio e seu Registred Independent Adviser (RIA) nos Estados Unidos, além de levar oito profissionais dedicados a investimentos e atendimento ao cliente. Atualmente, aproximadamente 35% dos ativos da Vita são offshore.

Para a Turim, a incorporação da Vita MFO não apenas aumentará o patrimônio, mas também oferecerá uma melhoria em termos de experiência e tecnologia para seu novo modelo de negócios voltado para a base da pirâmide das grandes fortunas. A Tori atende clientes que possuem entre R$ 25 milhões e R$ 100 milhões em liquidez, enquanto a Turim, com 24 anos de atuação no mercado, foca em clientes com patrimônio superior a R$ 100 milhões.

Com um modelo de consultoria, a Vita se orienta a um público similar ao da Tori, complementando a atuação do family office, que até então se baseava na gestão discricionária. A consultoria se tornou crucial, especialmente após o cancelamento do diferimento fiscal dos fundos exclusivos, que levou muitos clientes com patrimônio abaixo de R$ 100 milhões a extinguir seus fundos.

Leonardo Martins Moraes, co-CEO da Turim, ressalta a experiência em gestão de patrimônio discricionária, mas observa que a consultoria frequentemente se revela a solução mais adequada para os clientes da Tori. Ele ainda destaca a Vita como o melhor representante do mercado nessa área, devido tanto aos resultados entregues aos clientes quanto à tecnologia desenvolvida.

O investimento minoritário na divisão de aceleração de multi family offices da Vita reflete uma aposta da Turim no potencial crescimento do mercado de consultorias no Brasil. Nesta área, a Vita disponibiliza tecnologia para pequenas consultorias, permitindo que estas realizem atendimento a clientes através de diversas plataformas.

Atualmente, a Vita conta com 23 multi family offices em todo o Brasil como parceiros plugados à sua plataforma, todos operando sob o modelo “fee-based”. Juntas, essas entidades gerenciam mais de R$ 4 bilhões em consultoria. Desde a implementação dessa estratégia há dois anos, os family offices associados conseguiram multiplicar seus ativos de duas a cinco vezes.

Moraes observa que o mercado de consultorias está prestes a passar por um grande crescimento no Brasil, e expressa a intenção da Turim em participar desse desenvolvimento. A regulamentação CVM 179 deverá fortalecer o modelo “fee based”, que promove uma administração sem conflitos de interesse, levando a uma migração crescente de clientes e profissionais para esse formato, semelhante ao que já ocorre nos Estados Unidos.

A Turim é considerada um dos maiores multi family offices do Brasil e destaca-se por sua operação “pura”, que não inclui serviços de investment banking, asset ou outros tipos de serviços financeiros. Embora a empresa não divulgue o total de ativos sob sua gestão, estimativas indicam que o valor ultrapasse R$ 50 bilhões. A criação da Tori e a aquisição da Vita evidenciam o interesse da gestora em diversificar a sua base de clientes, focando também nas fortunas menores, segmento que antes não era uma prioridade.

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