14 abril 2025
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Filhote de mamute de 130 mil anos é revelado em desenterramento emocionante!

A imagem poderia sugerir uma sala cirúrgica, mas os cientistas russos, equipados com macacões estéreis e máscaras, não estavam estudando um ser humano, mas a carcaça de um filhote de mamute que morreu há mais de 130 mil anos. Encontrada no verão anterior na região de Yakútia, no extremo leste da Rússia, a carcaça do mamute, designada como Yana, foi dissecada no final de março de 2025 por uma equipe multidisciplinar de paleontólogos, biólogos e genetistas, que consideraram este espécime um autêntico tesouro da Era do Gelo.

Yana integra um grupo extremamente restrito, com apenas seis carcaças completas de mamutes já descobertas no mundo — cinco localizadas na Rússia e uma no Canadá. O destaque do achado reside na impressionante integridade do corpo, que não se aproxima das outras descobertas até o momento.

O motivo da preservação do mamute por um período tão prolongado reside no solo permanentemente congelado da Sibéria, conhecido como permafrost. Essa condição evitou a decomposição do corpo durante milênios, conservando até tecidos moles, o estômago e parte do intestino de Yana. Com 1,2 metros de altura e pesando 180 quilos, a fêmea apresenta uma pele com tom acinzentado, pelos avermelhados e olhos ainda reconhecíveis. Considera-se que esta seja a carcaça de mamute mais bem preservada já encontrada.

Existia a suposição inicial de que Yana tinha morrido há cerca de 50 mil anos; no entanto, a análise do gelo ao redor da carcaça revelou que ela viveu há mais de 130 mil anos, muito antes da chegada dos primeiros humanos à região. Os cientistas determinaram que a mamute tinha pouco mais de um ano, uma vez que suas presas de leite, características dessa fase da vida, estavam visíveis.

Durante a necropsia, a equipe científica cuidadosamente fez uma incisão no flanco de Yana.

A importância da necropsia deste animal vai além do que se imagina. A dissecção realizada no Museu do Mamute da Universidade Federal do Nordeste, em Yakutsk, não apenas fornece insights sobre a biomecânica dos mamutes extintos, mas também sobre o ecossistema no qual habitavam. Os pesquisadores examinaram o conteúdo do sistema digestivo com o propósito de identificar as espécies vegetais, esporos e bactérias consumidos por Yana, visando reconstruir informações relacionadas ao ambiente de sua época.

Um dos focos da pesquisa é identificar microrganismos antigos que possam estar preservados no corpo do mamute. Esses dados auxiliam na compreensão da evolução das bactérias e, ao mesmo tempo, levantam hipóteses acerca dos riscos associados ao derretimento do permafrost, que poderia libertar patógenos desconhecidos, representando possíveis ameaças para humanos e outras espécies.

Até o momento, os cientistas já fizeram algumas descobertas. A equipe verificou que o estômago e uma parte do intestino grosso estavam bastante preservados, apresentando fragmentos de material vegetal. Amostras da pele, músculos e órgãos foram coletadas para análises genéticas e microbiológicas. Os pesquisadores também buscam amostras da microbiota vaginal do animal, o que pode elucidar mais informações sobre os microrganismos que estavam presentes no corpo do mamute enquanto estava vivo.

O odor percebido durante a necropsia foi descrito como uma combinação de terra fermentada e carne macerada, o que se deve à longa permanência da carcaça no solo congelado. A parte posterior do corpo, que ficou presa em uma encosta, será avaliada em momentos futuros.

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