2 março 2025
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Filhotes de urso-polar encantam ao sair da toca pela primeira vez

Após um período de meses sob o gelo, foram registrados filhotes de urso-polar deixando suas tocas pela primeira vez. As imagens foram captadas por câmeras remotas localizadas no arquipélago de Svalbard, na Noruega, como parte de um estudo realizado pelo Instituto Polar Norueguês em colaboração com a organização Polar Bears International. O monitoramento da espécie já é feito há dez anos, com as filmagens utilizadas na pesquisa ocorrendo entre 2016 e 2020, e sendo retomadas em 2023. O estudo acompanha 13 tocas para entender os padrões de saída dos filhotes e identificar eventuais mudanças no comportamento da espécie.

As imagens mostraram uma ursa saindo da toca, seguida por seus filhotes, que ainda se mostram desajeitados ao caminhar sobre o terreno congelado. Os pesquisadores notaram que as famílias costumam permanecer na área ao redor da toca por cerca de 12 dias. Esse período permite que os filhotes desenvolvam força muscular antes de se aventurarem no gelo marinho. No entanto, esse tempo pode variar: enquanto algumas mães deixam as tocas em menos de 48 horas, outras ficam por até um mês.

Os filhotes de urso-polar nascem cegos, sem pelos e com peso médio de cerca de 600 gramas. Durante os primeiros meses, eles permanecem na toca, protegidos das temperaturas extremas e alimentando-se exclusivamente de leite materno, isso garante um crescimento rápido. Quando finalmente emergem, já estão cobertos por uma espessa camada de pelo branco e pesam entre 10 e 12 quilos, embora ainda não tenham alcançado a independência.

A toca de neve é crucial nesse processo inicial. Além de oferecer proteção contra temperaturas que podem chegar a -30°C, proporciona um ambiente seguro para que os filhotes desenvolvam força e coordenação antes de enfrentarem o exterior. Qualquer modificação nesse estágio pode afetar diretamente as taxas de sobrevivência da espécie.

O estudo indicou que algumas famílias estão saindo das tocas mais cedo do que o observado anteriormente. A principal teoria dos pesquisadores é que o aquecimento rápido do Ártico, que ocorre a um ritmo quatro vezes maior que a média global, pode estar alterando a qualidade da neve utilizada na construção dos abrigos. Se as tocas se tornarem instáveis, isso pode forçar as mães a saírem antes do tempo ideal, o que comprometeria o desenvolvimento dos filhotes.

Outro fenômeno observado foi a movimentação de algumas fêmeas para novos abrigos antes de deixarem a área. Esse comportamento é incomum entre ursos-polares e sugere que mudanças ambientais podem estar impactando seu ciclo reprodutivo. Embora ainda não existam conclusões definitivas sobre os efeitos dessa alteração, os cientistas acreditam que uma saída precoce possa reduzir as chances de sobrevivência dos filhotes durante seu primeiro ano de vida.

O monitoramento contínuo dos ursos-polares deve contribuir para uma melhor compreensão dos impactos dessas alterações nos próximos anos. As novas imagens registradas pelas câmeras oferecem dados valiosos sobre essa fase pouco documentada da espécie, além de auxiliar no acompanhamento de eventuais mudanças no comportamento dos animais diante das transformações no ambiente ártico.

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