A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, aponta que existem oportunidades a serem exploradas, contanto que haja uma resposta inteligente diante das atuais circunstâncias, visando construir uma economia global mais equilibrada e resiliente às crises.
Durante um discurso antes das reuniões do FMI e do Banco Mundial, Georgieva esclareceu que, embora as projeções de crescimento sejam pessimistas, uma recessão não está prevista para este ano. A chefe do FMI destacou que as tarifas estabelecidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impactarão a economia global, mas não levarão a uma contração.
As tarifas gerais impostas por Trump, que começaram a valer em abril, variam de um mínimo de 10% sobre todos os produtos importados para os EUA até 145% sobre itens provenientes da China. Georgieva ressaltou que, com os últimos aumentos e isenções das tarifas, o custo efetivo nos Estados Unidos atingiu níveis elevados, que não eram vistos há muito tempo.
As tensões comerciais entre Estados Unidos e China se intensificaram, resultando em retaliações, como as tarifas de 125% aplicadas pela China sobre produtos americanos. A diretora do FMI alertou que esta situação gerará consequências significativas, principalmente para os países menores que estão no centro do conflito, uma vez que os principais importadores, como China, União Europeia e Estados Unidos, exercem grande influência sobre o cenário global.
Apesar das dificuldades, Georgieva acredita que é possível identificar oportunidades se ações inteligentes forem tomadas. Ela defendeu que os países devem organizar suas economias, sem procrastinar as reformas necessárias, especialmente em um contexto de crescente incerteza e choques frequentes.
Para enfrentar esses desafios, medidas orçamentárias decisivas são imprescindíveis, conforme enfatizou a diretora. É crucial também que os países que estão atrás em produtividade em relação aos Estados Unidos busquem modernizar suas estruturas econômicas.
Entre as soluções propostas, Georgieva sugeriu reformas abrangentes nos setores bancário, de capitais, de concorrência, bem como na propriedade intelectual e na adaptação das novas tecnologias, como a inteligência artificial. Ela também destacou a importância de os países corrigirem desequilíbrios significativos em suas economias, como os orçamentos dos Estados Unidos e da França e as balanças comerciais da China e da Alemanha.
Georgieva concluiu que, embora esses reequilíbrios sejam desafiadores, são essenciais. Em um mundo que se torna cada vez mais multipolar, a prioridade deve ser promover a cooperação, com o FMI atuando como um fórum central para o diálogo global.