Em meio a mudanças, estreias e retornos de marcas e estilistas, a semana de moda de Nova York foi encerrada recentemente, suscitando discussões sobre o futuro da indústria. Com a nova administração presidida por Donald Trump em funcionamento há menos de um mês, muitos designers foram pegos de surpresa pela guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e pelas novas políticas contra diversidade, equidade e inclusão. As coleções apresentadas questionaram o impacto dessas questões em uma indústria que busca ser mais inclusiva, tanto nas passarelas quanto fora delas.
Neste contexto desafiador, os estilistas buscaram fomentar uma maior conexão dentro da comunidade da moda. Christian Siriano destacaram a importância de trazer sonhos e diversidade à tona. “Precisamos mostrar todas as cores e culturas que estão em Nova York”, afirmou. Prabal Gurung, cuja coleção anterior era inspirada na esperança de futuros políticos mais positivos, também expressou a confusão e ansiedade prevalentes. “Estamos todos no mesmo espaço, confusos, incertos, ansiosos. Nesses tempos difíceis, procuramos conexão”, afirmou o estilista.
Essas ideias se refletiram nas passarelas, onde a busca pela beleza e por um futuro melhor se manifestou através de criações teatrais. Foram destacadas roupas ousadas de Siriano, bem como os trajes inspirados em pássaros de Thom Browne e os modelos extravagantes no desfile de Marc Jacobs na Biblioteca Pública de Nova York. A coleção de estreia da estilista Veronica Leoni para a Calvin Klein também foi um dos pontos altos da semana. Após um intervalo de seis anos, a marca apresentou peças elegantes e práticas, utilizando alfaiataria ampla e seda leve. “Explorei a beleza da forma mais autêntica”, comentou Veronica, mantendo a inspiração no arquivo da marca, mas sem olhar para o passado.
As celebridades também marcaram presença nos desfiles. No Museu de Arte Moderna de Nova York, Tory Burch apresentou sua interpretação de roupas esportivas clássicas, com diversas figuras conhecidas no público, enquanto Cara Delevingne chamou atenção ao usar um traje de Thom Browne no desfile realizado no centro de artes The Shed.
Dentre as ausências notáveis da semana, destacam-se Proenza Schouler, Area e Helmut Lang, que não participaram devido à saída de seus diretores criativos. Marcas tradicionais como Tommy Hilfiger e Ralph Lauren também optaram por não participar da temporada, assim como outras grifes que escolheram apresentar suas coleções em locais diferentes, como Willy Chavarria, que desfilou em Paris, e Bode, que estreou em Nova Orleans.
A carência de apoio ao talento na indústria da moda foi mencionada por Sergio Hudson, que fez um apelo para a valorização dos designers americanos. Christopher John Rogers, que retornou após um hiato, também reconheceu os desafios enfrentados pelo setor recentemente. “Não fomos imunes aos desafios, e somos gratos por estar aqui apresentando nosso trabalho”, declarou.
Hillary Taymour, da Collina Strada, utilizou sua apresentação para transmitir uma mensagem de solidariedade, com modelos usando óculos escuros para simbolizar a luta e o apoio entre a comunidade. “A comunidade é tudo. Ame seus vizinhos, ame a todos. É um momento difícil, e vamos cuidar uns dos outros”, destacou, refletindo o sentimento compartilhado entre os participantes da semana de moda diante das rápidas mudanças no cenário político.
