Oposição ao acordo entre a União Europeia e o Mercosul tem sido uma postura notória da França, que recentemente sinalizou uma mudança de postura em relação ao pacto comercial. O ministro das Finanças da França, Éric Lombard, afirmou que é necessário acelerar as discussões sobre o acordo, em resposta à iminente implementação de tarifas pelos Estados Unidos. Na quarta-feira, esperam-se novas taxas que podem intensificar a guerra comercial.
Lombard destacou que a proteção do comércio internacional frente a essas dificuldades requer um avanço nas negociações com o Mercosul. Após um encontro com o ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, o ministro francês reiterou que a França ainda se opõe ao pacto, mas reconhece a necessidade de diálogo.
Durante a conversa, houve concordância entre os ministros quanto à importância do desenvolvimento do multilateralismo. O projeto de acordo com o Mercosul foi mencionado como parte desse objetivo, embora Lombard ressalte que atualmente não existem condições adequadas para o apoio francês ao pacto. Ele citou a necessidade de ajustes relacionados a questões ecológicas na indústria e temas envolvendo a agricultura.
Haddad, que também se reuniu com empresários franceses, expressou otimismo em relação aos investimentos da França no Brasil, especialmente na área de inteligência artificial. Ele identificou pendências e obstáculos que ainda precisam ser superados e enfatizou a intenção de trabalhar durante o mês para avançar nessas questões, com uma nova reunião programada para o próximo mês na França.
O acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul foi assinado em dezembro do ano anterior em Montevidéu, Uruguai, mas sua efetivação depende de aprovações adicionais dentro da União Europeia. A França justificou sua oposição ao pacto devido a pressões de agricultores locais, preocupados com a competição dos produtos sul-americanos. Para vetar o acordo, a França precisaria do apoio de pelo menos três outros países da UE, embora existam alternativas para bloquear sua implementação.
As tarifas que Donald Trump se prepara para introduzir podem revitalizar as negociações entre o Mercosul e os países europeus, que buscam diversificar suas parcerias comerciais em meio à instabilidade gerada pela guerra comercial.
