O Papa Francisco celebra, nesta quinta-feira, o décimo segundo aniversário de sua eleição como líder da Igreja Católica, que possui cerca de 1,4 bilhão de fiéis pelo mundo. Atualmente, ele se recupera de uma infecção respiratória, após permanecer internado em um hospital em Roma por quase um mês. As informações recentes do Vaticano indicam que a saúde do pontífice de 88 anos está melhorando e ele não corre mais perigo imediato, mas não foi divulgada uma data para sua alta hospitalar. A ocorrência de sua hospitalização desde 14 de fevereiro altera a forma como os católicos comemoram esta data significativa.
O cardeal Michael Czerny, figura de destaque no Vaticano e próximo do Papa, definiu o aniversário como um “motivo de gratidão”. Ele expressou que, devido à doença do Papa este ano, os católicos estão especialmente conscientes e agradecidos, intensificando suas orações pela recuperação do líder. Francisco, cujo nome de nascimento é Jorge Mario Bergoglio e que é o primeiro papa da América do Sul, assumiu a posição aos 76 anos. Ao longo de seus 12 anos de papado, ele implementou mudanças relevantes na burocracia do Vaticano, publicou quatro documentos de ensino significativos, realizou 47 viagens internacionais para mais de 65 países e canonizou mais de 900 santos. Em geral, ele é percebido como alguém que busca aproximar a Igreja dos desafios contemporâneos.
Dentre suas notáveis decisões, destaca-se a permissão para que padres ofereçam bênçãos a casais do mesmo sexo individualmente e a nomeação de mulheres para cargos de liderança no Vaticano. O Papa também organizou cinco cúpulas com bispos católicos de todo o mundo para debater temas polêmicos, como a ordenação de mulheres e a reavaliação dos ensinamentos sexuais da Igreja. Observadores, como David Gibson, um especialista que tem acompanhado o papado de Francisco, afirmam que ele redefiniu as expectativas sobre o papel papal, apresentando-se como um pastor acolhedor, que não julga.
Entretanto, algumas decisões têm gerado descontentamento entre certos grupos católicos, incluindo cardeais seniores, que o acusam de amenizar a doutrina da Igreja em questões como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a separação. Adicionalmente, ele tem enfrentado críticas em relação ao seu tratamento da questão dos abusos sexuais dentro da Igreja, embora tenha estabelecido a primeira comissão papal dedicada à temática. Grupos de sobreviventes têm solicitado a implementação de políticas mais rigorosas de zero tolerância.
O Papa Francisco é conhecido por sua dedicação ao trabalho, que se mantém mesmo durante a internação. Contudo, ao iniciar seu décimo terceiro ano no cargo, a capacidade de manter seu ritmo habitual após a recuperação continua incerta. Especialistas médicos que não participam de seu tratamento indicam que ele pode enfrentar um longo percurso de recuperação, considerando sua idade e outras condições de saúde que restringiram sua mobilidade. A ausência prolongada do Papa gerou especulações sobre uma possível renúncia, semelhante à de seu antecessor, Bento XVI, mas amigos e biógrafos afirmam que não há planos para tal.
Parte significativa da agenda do Papa para 2025 está relacionada ao Ano Santo Católico, que prevê a participação de aproximadamente 32 milhões de peregrinos. Ele planeja realizar ao menos uma viagem internacional, com foco na Turquia, para participar das celebrações do 1.700º aniversário de um importante concílio cristão em Niceia, atualmente Iznik. Autoridades do Vaticano expressam a expectativa de que ele consiga realizar essa viagem, mesmo que precise ser reagendada para após maio.
Assim, muitos católicos aguardam que Francisco continue a abordar questões de relevância política, como a imigração e os conflitos internacionais. Poucos dias antes de sua internação, o Papa fez críticas à repressão à imigração durante o governo do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, em uma carta aberta aos bispos católicos dos Estados Unidos, enfatizando a necessidade de uma liderança firme em tempos de crise. Uma conselheira do Vaticano reforçou que o Papa tem oferecido visão e liderança, elementos essenciais para um mundo marcado por divisões e conflitos.
