31 março 2025
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Funcionários do IBGE Denunciam Assédio e Retaliação de Pochmann por Críticas à Gestão

Técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) declararam em uma carta aberta que foram vítimas de retaliação e assédio moral após expressarem críticas à gestão do presidente Márcio Pochmann. Servidores das gerências de Sistematização de Conteúdos Informacionais (GECOI) e de Editoração (GEDI) afirmam que foram transferidos de suas instalações no Maracanã, zona norte do Rio de Janeiro, para um antigo parque gráfico do IBGE em Parada de Lucas, localizado na Avenida Brasil, próximo a várias comunidades.

Os servidores acreditam que a transferência foi uma represália a denúncias que fizeram publicamente, incluindo uma nota de repúdio divulgada em janeiro. Esse documento criticava a decisão da direção de manter um prefácio assinado pelo governo de Pernambuco em uma publicação oficial do IBGE, o que poderia ser interpretado como propaganda política durante um período eleitoral. As gerências argumentam que trabalham nas instalações atuais desde a década de 1990 e são responsáveis por atividades específicas de documentação e editoração que, desde então, têm sido realizadas exclusivamente de forma digital.

Os trabalhadores afirmam que a mudança para Parada de Lucas não se baseia em razões lógicas ou técnicas e é incompatível com a natureza do trabalho realizado por essas unidades. Eles consideram que a transferência é uma forma de retaliação e assédio moral, uma vez que seus posicionamentos técnicos se opõem às decisões da atual gestão.

Além disso, em janeiro de 2025, os técnicos contestaram um comunicado da presidência do IBGE que classificava suas críticas sobre a criação da Fundação IBGE+ como desinformação. Esta fundação, proposta por Pochmann, acabou sendo suspensa após gerar polêmica. Os servidores alertaram sobre os riscos de desvio do princípio da impessoalidade e perda de autonomia técnica devido à inclusão de conteúdos políticos em publicações institucionais.

Os servidores se referem à 32ª edição do periódico “Brasil em Números 2024”, lançado em 28 de janeiro em Recife, que continha um prefácio escrito pela então governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, mencionando ações de seu governo. A inclusão de referências políticas em documentos oficiais gerou desconforto, pois contradizia as recomendações técnicas feitas pelas gerências.

Em fevereiro de 2025, os técnicos também rebatem acusações feitas em uma nota divulgada na Câmara dos Deputados, onde foram chamados de atacantes da presidência do IBGE por interesses pessoais desrespeitados pelas mudanças na administração. A executiva nacional do sindicato dos servidores do IBGE, Assibge-SN, está acompanhando a nova denúncia apresentada pelos trabalhadores, e uma assembleia regional está agendada para a próxima semana a fim de discutir a situação. O diretor da Assibge-SN afirmou que a denúncia parece plausível, destacando que as gerências manifestaram dificuldades em atender decisões administrativas, resultando em uma transferência sem justificativas adequadas.

O documento assinado por 11 servidores reafirma a percepção de que as gerências GECOI e GEDI estão sendo alvo de represálias. Eles afirmam que essa transferência não visa a melhoria dos processos de trabalho, mas pode expor os servidores a riscos cotidianos que afetarão tanto o desempenho profissional quanto institucional, contrariamente ao Princípio da Supremacia do Interesse Público. A direção do IBGE não se posicionou sobre a questão até o momento da redação deste texto.

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