Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial (WEF), anunciou sua saída do cargo de presidente do conselho de administração durante a 55ª reunião anual do fórum em Davos, Suíça. O WEF, com sede em Genebra, comunicou a decisão na segunda-feira, 21, após uma revelação anterior sobre a intenção de Schwab, de 87 anos, de se afastar do cargo, embora sem fornecer um cronograma específico. Em um comunicado, Schwab afirmou: “Após meu recente anúncio e, ao entrar em meu 88º ano de vida, decidi deixar o cargo de presidente e de membro do Conselho de Administração, com efeito imediato.” Contudo, a instituição não divulgou os motivos para sua renúncia.
O conselho do WEF aceitou a renúncia de Schwab em uma reunião extraordinária realizada em 20 de abril, o que resultou em Peter Brabeck-Letmathe, que é o vice-presidente, assumindo a presidência interina enquanto se busca um novo presidente. Schwab, natural da Alemanha, fundou o WEF em 1971 com a meta de proporcionar um espaço para que decisores políticos e líderes empresariais pudessem abordar questões globais fundamentais. Davos se tornou um ponto central do calendário internacional em janeiro, quando políticos, CEOs e personalidades se reúnem na neutra Suíça para discutir as agendas do ano.
Nos últimos anos, o WEF tem enfrentado críticas de grupos tanto da esquerda quanto da direita, que o consideram um espaço elitista e desconectado da realidade da população comum. Com sede na região do Lago Genebra, o WEF também teve que lidar com denúncias negativas sobre sua cultura interna. No ano anterior, o Wall Street Journal relatou que a diretoria do WEF estava colaborando com um escritório de advocacia para investigar reclamações relacionadas à cultura do ambiente de trabalho, em resposta a alegações de assédio e discriminação. A instituição negou essas acusações.
O fórum, que sentiu o impacto da crise financeira global de 2007-2009, tem sido ainda afetado por tensões geopolíticas, especialmente após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 e por uma tendência crescente de protecionismo nas políticas comerciais dos Estados Unidos. A situação leva alguns analistas a considerá-lo uma instituição em declínio.
Klaus Schwab havia previsto que a globalização enfrentaria grandes críticas muito antes de eventos significativos que moldaram a economia mundial, como a eleição de Donald Trump nos EUA e o referendo que resultou na saída do Reino Unido da União Europeia em 2016. Esses eventos foram associados ao descontentamento com a ordem econômica vigente. Em um artigo de opinião de 1996, Schwab e seu colega Claude Smadja afirmaram que “uma reação crescente contra os efeitos da globalização, especialmente nas democracias industriais, está ameaçando um impacto perturbador sobre a atividade econômica e a estabilidade social em muitos países.” Eles também destacaram que o clima de impotência e ansiedade nas democracias contribuía para o surgimento de uma nova classe de políticos populistas.