22 março 2025
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Geleiras em Perigo: O Impacto do Derretimento nas Comunidades

O Relatório Mundial da Organização das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos de 2025, divulgado pela Unesco em nome da UN-Water, indica que o derretimento acelerado das geleiras e a diminuição das nevascas em regiões frias do mundo estão ameaçando o acesso à água e alimentos de pelo menos 2 bilhões de pessoas. Além disso, essa situação coloca em risco diversos ecossistemas ao redor do planeta.

O estudo destaca que o derretimento das geleiras, resultado das mudanças climáticas, impacta significativamente os recursos hídricos nas regiões montanhosas. Essas áreas, que abrangem 33 milhões de quilômetros quadrados da superfície terrestre, desempenham um papel essencial na sustentação da vida.

A diretora-geral da Unesco afirmou que, independentemente de onde as pessoas residam, há uma dependência comum das montanhas e geleiras. Elas são vitais, mas atualmente enfrentam uma ameaça imediata. O relatório sublinha a necessidade urgente de uma ação coordenada, enfatizando que as soluções mais eficazes requerem uma abordagem multilateral.

O documento revela que mais de 2 bilhões de indivíduos dependem diretamente da água das montanhas para abastecimento, saneamento e sustento. Setores fundamentais como pastoreio, silvicultura, turismo e produção de energia também experimentam riscos. Nos países andinos, por exemplo, 85% da energia hidrelétrica provém de áreas montanhosas.

Além disso, o recuo das geleiras já está afetando a agricultura em escala global, comprometendo dois terços das terras que dependem dessas fontes para irrigação. A insegurança alimentar afeta cerca de 50% da população rural que vive em regiões montanhosas de países em desenvolvimento, sendo as mulheres e as crianças as mais impactadas.

Embora o derretimento das geleiras seja o aspecto mais visível da crise, o relatório destaca que as alterações nos padrões de nevascas também influenciam o abastecimento de água. Em várias regiões, os fluxos de água doce dependem mais do derretimento sazonal da camada de neve do que das geleiras propriamente ditas. Por exemplo, no Japão, a camada de neve do Monte Fuji apareceu com um atraso de um mês em relação ao habitual no ano passado. As temperaturas elevadas intensificam a precipitação em forma de chuva, que escorre das montanhas mais rapidamente do que a neve, e o degelo abrupto aumenta o risco de desastres naturais, como inundações de lagos glaciais, colocando milhões de vidas em risco.

Apesar da gravidade da situação, as regiões montanhosas recebem pouca atenção nas políticas globais. Para tentar mudar esse cenário, as Nações Unidas instituíram o Dia Mundial das Geleiras, que será celebrado pela primeira vez em 21 de março de 2025, seguido pelo Ano Internacional da Preservação das Geleiras. Já existem projetos de cooperação em andamento; na Ásia Central, a Unesco alocou US$ 12 milhões para monitorar geleiras e prevenir enchentes no Cazaquistão, Quirguistão e Uzbequistão. Na África, o projeto que visa restaurar as florestas degradadas ao redor do Kilimanjaro conta com um investimento de US$ 8 milhões, que beneficiará mais de 2 milhões de pessoas na Tanzânia e no Quênia, ampliando o acesso à água potável.

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