O maior iceberg do mundo, conhecido como A23a, aparenta ter encalhado após flutuar no Oceano Antártico, próximo à Antártida, desde 2020. Com um peso estimado de quase um trilhão de toneladas métricas (1,1 trilhão de toneladas), o A23a se fixou na ilha da Geórgia do Sul, um Território Ultramarino Britânico situado no sul do Oceano Atlântico, conforme divulgou o British Antarctic Survey (BAS) em uma declaração recente.
Quando foi medido em agosto de 2024, o iceberg apresentava uma superfície de 3.672 quilômetros quadrados, área ligeiramente inferior à de Rhode Island e mais que o dobro da área de Londres. O A23a se desprendeu da plataforma de gelo Filchner, na Antártida, em 1986 e permaneceu submerso no Mar de Weddell por mais de três décadas. Em 2020, passou a flutuar com as correntes oceânicas, mas no final de 2024, ficou preso por meses em torno de uma montanha submarina, atrasando sua esperada migração em direção ao norte.
Após finalmente se libertar, houve preocupações de que o A23a se dirigisse à Geórgia do Sul, o que poderia restringir o acesso a áreas de alimentação para focas e pinguins que habitam a ilha. Contudo, tais apreensões diminuíram, uma vez que o iceberg parece estar encalhado na plataforma continental, a aproximadamente 90 quilômetros da costa. De acordo com Andrew Meijers, oceanógrafo do BAS, se o iceberg permanecer nessa posição, é improvável que cause impactos significativos na vida selvagem local da Geórgia do Sul.
Além disso, a presença do iceberg pode trazer benefícios ao ecossistema regional. Os nutrientes que são liberados do iceberg durante seu derretimento podem aumentar a disponibilidade de alimento para várias espécies, incluindo pinguins e focas. Embora o A23a mantenha sua estrutura atualmente, Meijers destacou que grandes icebergs que seguem essa trajetória costumam se fragmentar e derreter rapidamente.
Agora que o A23a está encalhado, ainda existe a probabilidade de que se quebre devido a tensões crescentes, embora seja difícil prever quando isso ocorrerá. Historicamente, grandes icebergs já percorreram longas distâncias ao norte, com alguns alcançando até 1.000 quilômetros da costa da Austrália, mas todos inevitavelmente se fragmentam e derretem rapidamente após essa jornada.
Uma vez que o A23a se fragmentar, os icebergs menores resultantes poderão representar riscos para operações de pesca e transporte, uma vez que são mais desafiadores de detectar e monitorar em comparação com um iceberg de grande dimensão. Discussões com operadores de pesca indicam que grandes icebergs do passado tornaram algumas regiões impróprias para a pesca devido à proliferação de pedaços menores e potencialmente mais perigosos.
Cientistas afirmam que esse iceberg em especial deve ter se desprendido como parte do ciclo natural de crescimento da plataforma de gelo, e não como um efeito direto da crise climática provocada por combustíveis fósseis. No entanto, o aquecimento global continua a ocasionar mudanças preocupantes na Antártida, que podem ter consequências devastadoras para o aumento do nível do mar em escala global.
