sábado, fevereiro 8, 2025
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Gleisi se Destaca com Oportunidade de Ministério à Vista

Com o ano de 2026 se aproximando, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja uma reforma ministerial significativa nas próximas semanas, que terá impacto nos rumos da segunda metade de seu governo. A recuperação de sua popularidade, que tem enfrentado queda, a necessidade de reorganizar as forças políticas após as eleições para a presidência da Câmara e do Senado, e a urgência de implementar políticas sólidas que sejam compreendidas pela população são fatores que pressionam o presidente a tomar decisões acertadas em relação aos ministérios. Em Brasília, diversas especulações estão em curso sobre as mudanças à vista. Uma alteração, que parece quase certa, é a nomeação da presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, para um ministério. Conversas entre Lula e Gleisi já ocorreram em janeiro e, em uma coletiva de imprensa recente, o presidente elogiou a parlamentar, destacando sua capacidade de assumir diversos cargos ministeriais. Se essa mudança se concretizar, Lula contará com uma forte defensora das causas do PT em sua equipe. Entretanto, Gleisi tem adotado uma postura crítica em relação a membros do governo, incluindo os ministros Alexandre Padilha e Fernando Haddad.

No que diz respeito à aspiração de Gleisi em assumir um ministério de destaque, como a Casa Civil ou o Desenvolvimento Social, especula-se que ela deve substituir Márcio Macêdo na Secretaria-Geral da Presidência. Embora Macêdo tenha negado sua saída e apresentado um plano de diretrizes para sua pasta até 2026, sua trajetória positiva, como tesoureiro do PT durante a campanha de 2022, não compensou as avaliações negativas sobre sua performance em um ministério considerado crucial. A Secretaria-Geral é responsável pelo diálogo com movimentos sociais e pela identificação das demandas da sociedade, funções que, segundo muitos no PT, Macêdo não desempenhou adequadamente. Gleisi, por outro lado, é vista como uma líder com um forte relacionamento com entidades representativas e uma capacidade de mobilizar militância digital, embora enfrente críticas por sua imagem radical e dificuldade de diálogo fora da bolha petista.

A abordagem combativa de Gleisi, que se destaca nas discussões sobre as políticas do PT, contrasta com a necessidade do governo de estabelecer um entendimento com ministros de outras legendas e de garantir apoio no Congresso. Em sua função atual, a presidente do PT já tem levantado críticas internas contra ministros, particularmente contra Fernando Haddad. Em um caso notável, Gleisi chamou a meta de déficit zero proposta por Haddad de “austericídio”, um posicionamento que gerou repercussão. Embora Lula tenha reconhecido essas críticas, insinuando que elas fazem parte de uma estratégia deliberada para promover disputas internas, há questionamentos sobre os riscos de apoiar Gleisi nessa nova função. Pessoas próximas a Lula mencionam que, desde a saída de Flávio Dino do Ministério da Justiça, o governo carece de uma liderança com perfil combativo capaz de responder rapidamente às falas da oposição.

A possível ascensão de Gleisi ao ministério também facilita os planos de Lula para a sucessão do partido, já que ela poderia sair da presidência do PT em julho, sendo substituída por um “mandato tampão” entre os vice-presidentes, que terá como foco organizar as eleições internas. A intenção de Lula é passar a presidência do PT para Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara, cuja recente reunião com o prefeito do Recife, João Campos, foi vista como um prelúdio da colaboração entre PT e PSB. Edinho traz consigo uma visão moderada para o PT, que é visto como necessário em um momento simbólico de 45 anos da sigla.

Além de facilitar a transição dentro do PT, a indicação de Gleisi para um ministério pode beneficiar seus próprios planos eleitorais, uma vez que ela tem interesse em se candidatar ao Senado em 2026. Desde sua única eleição ao Senado, em 2010, quando o PT conquistou uma cadeira pelo Paraná, ela teve uma breve pausa em seu mandato para assumir a Casa Civil no governo de Dilma Rousseff. Nesta função, ela teve um papel destacado na articulação política e na gestão, especialmente em relação ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Se Gleisi confirmar sua nova posição na Secretaria-Geral da Presidência, ela enfrentará um ministério com menos poder em comparação à Casa Civil, mas com a responsabilidade de ajudar a reverter a imagem pública do governo, que recentemente enfrentou uma queda na aprovação. Pesquisas indicam que a avaliação negativa de Lula agora supera a positiva. Em eventos recentes do governo, como a organização de atos públicos, os resultados têm sido decepcionantes. Independentemente do ministério que ocupa, a posição de Gleisi estará fortalecida por sua proximidade com Lula, algo que é visto como uma vantagem em um governo que busca melhorar sua imagem. Contudo, restará saber qual será a abordagem de Gleisi ao assumir essa nova função: a ativista fervorosa ou uma conselheira mais cautelosa e pragmática.

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