No domingo, 6 de abril, ocorreu um ato liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, onde ele fez um chamado por anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. A manifestação atraiu uma grande quantidade de pessoas, com estimativas mínimas apontando para cerca de 45 mil participantes, muitos deles vestindo as cores verde e amarelo e portando cartazes, faixas e bandeiras que apoiavam a causa. Além disso, o evento contou com a presença de sete governadores, um número recorde, que representa mais de 75 milhões de eleitores, quase a metade da população brasileira. Quatro desses governadores são potenciais candidatos à Presidência em 2026: Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Ratinho Jr. (Paraná) e Ronaldo Caiado (Goiás). Este evento marca um momento significativo no cenário político do país e é visto como uma prévia da corrida eleitoral que se aproxima.
Bolsonaro expressou satisfação com os resultados do ato, que foram cruciais para demonstrar que ele ainda possui apoio popular suficiente para se manter como uma opção viável à Presidência, mesmo enfrentando inelegibilidade e riscos de prisão. Segundo Valdemar Costa Neto, presidente do PL, o ex-presidente é o único candidato viável e eles trabalham intensamente para consolidar isso. No entanto, ele enfrenta o desafio de perda de prestígio político e a fragmentação de sua base eleitoral, especialmente com o surgimento de concorrentes mais competitivos à direita, em meio a acusações de tentativa de golpe de Estado.
A presença dos governadores foi considerada estratégica no esforço de mobilizar apoio político para a proposta de anistia. A busca pela aprovação da anistia se tornou prioritária entre os partidos de direita, que estão trabalhando na Câmara para acelerar a tramitação do projeto. Apesar do apoio do PL, ainda eram necessárias mais dez assinaturas para atingir o mínimo de 257 até a quinta-feira, 10 de abril. Essa dificuldade é atribuída a divisões internas entre os partidos do Centrão, onde a adesão tem sido mais limitada, em especial entre legendas como PSD, União Brasil e Republicanos. A participação de governadores dessas coligações é crucial, uma vez que eles defendem a anistia e se opõem ao que consideram penas “exageradas”.
O aumento do envolvimento dos governadores pode impactar as votações nas bancadas e facilitar o avanço da proposta na Câmara. No entanto, há resistência, como demonstrado por Hugo Motta, presidente da Câmara e integrante do Republicanos, que tem ignorado a pauta de anistia em favor de projetos de interesse do Judiciário. Essa postura tem gerado insatisfação entre os apoiadores de Bolsonaro, que se manifestaram durante o ato na Paulista. Organizações da manifestação, como a de Silas Malafaia, têm denunciado a atitude do deputado, acusando-o de obstaculizar o andamento da proposta.
As pesquisas atuais mostram que os governadores se posicionam como favoritos para desafiar Lula nas eleições de 2026. Eles têm consciência de que é fundamental alinhar-se a Bolsonaro e seus apoiadores para alcançar suas metas eleitorais. Essa dinâmica foi evidenciada por Ronaldo Caiado que, após não comparecer a um ato em Copacabana, decidiu se juntar à manifestação na Paulista, reconhecendo a importância de manter uma boa relação com o ex-presidente. A articulação na direita conservadora está bem alinhada, e os governadores buscam garantir seu espaço na corrida presidencial.
Ainda que haja estratégias sendo formuladas, os governadores reconhecem que a lealdade a Bolsonaro pode ser complicada. O ex-presidente, além de sua defesa pela anistia, segue ativo na cena política, lançando sua caravana denominada “Rota 22”. O propósito dessa caravana é fortalecer o PL, capacitar lideranças regionais e preparar o terreno para futuras candidaturas do partido, com atividades programadas em diferentes estados.
No entanto, o desenrolar dos acontecimentos políticos dependerá do julgamento da ação no STF relacionada à tentativa de golpe, que deve ocorrer ainda este ano. Caso o ex-presidente seja condenado, isso pode afetar sua viabilidade política, uma vez que a legislação impede a candidatura de indivíduos com sentença criminal.
Em relação a uma futura candidatura, ainda não se sabe se Bolsonaro apoiará algum dos governadores. Ele tem mencionado a possibilidade de incluir seu filho Eduardo Bolsonaro como candidato, o que levanta comparações com a chapa que uniu Lula e Fernando Haddad em 2018. Outra opção discutida é a candidatura de Michelle Bolsonaro, que, mesmo sendo submetida a restrições pelo marido, possui apoio significativo entre eleitores evangélicos e mulheres.
Embora haja discussões sobre uma chapa familiar, é mais provável que Bolsonaro transfira o protagonismo da direita para um aliado antes do final do ano. Entre os potenciais nomes, Tarcísio de Freitas se destaca, embora ele negue qualquer intenção de se candidatar à Presidência. Sua eventual decisão dependerá da confiança que ele tiver no processo eleitoral.
Enquanto Tarcísio faz suas considerações, outros candidatos, como Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, também estão se movimentando. Ele expressou que está disposto a apoiar outro candidato, desde que este tenha mais viabilidade. A candidatura de Tarcísio à presidência é considerada por muitos como uma estratégia para evitar a fragmentação da direita, embora isso exija diálogo com Bolsonaro para consolidar um apoio mútuo.