Os principais representantes da centro-direita no Brasil vêm se reunindo com frequência, longe dos holofotes, para discutir o cenário eleitoral de 2026. Essas figuras, que são aliadas do ex-presidente Jair Bolsonaro e integrantes de partidos que atualmente ocupam ministérios no governo Lula, começam a traçar estratégias para se distanciar da gestão anterior e da atual.
Diante da impopularidade do presidente Lula e das questões jurídicas enfrentadas por Jair Bolsonaro, lideranças dos partidos Progressistas (PP), Republicanos, MDB e PSD enxergam uma oportunidade para apresentar uma alternativa política.
Pelo menos três encontros desse grupo ocorreram entre 2023 e 2024 na residência do senador Ciro Nogueira, do PP, que foi ministro da Casa Civil durante o governo Bolsonaro. Nesses encontros, um especialista em pesquisas eleitorais foi convidado para analisar as tendências do eleitorado, reunindo presidentes de partidos, parlamentares e dez governadores, incluindo os pré-candidatos Tarcísio Gomes de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás) e Romeu Zema (Minas Gerais).
Informações sobre as reuniões têm sido mantidas em sigilo. Um dos tópicos discutidos foi a necessidade de encontrar um candidato que unificasse a oposição ao PT, na expectativa de que, com os representantes dos principais estados juntos em torno de uma única candidatura, seria mais fácil superar Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante um dos encontros, um especialista em pesquisas apontou as principais tendências do eleitorado. Apesar da presença de outros pré-candidatos, o governador Tarcísio de Freitas foi destacado como o nome mais forte, contando com 61% de aprovação entre os paulistas, com uma proximidade técnica em relação ao atual presidente em uma eventual disputa de segundo turno, conforme levantamento da Paraná Pesquisas.
Embora o grupo tenha demonstrado otimismo, decidiu suspender as reuniões em larga escala após declarações de Bolsonaro, que afirmou em uma entrevista que ainda é o principal candidato, desconsiderando outros possíveis concorrentes.
Um dos participantes, Ronaldo Caiado, do União Brasil, expressou uma opinião divergente, argumentando que concentrar apoio em um único candidato pode ser um erro, pois favorecerá o atual presidente, que já conta com a estrutura do governo a seu favor. Ele defende que cada partido deve lançar seu candidato, permitindo que cada um mobilize sua base regional para uma eventual aliança no segundo turno.
Ciro Nogueira confirmou que os encontros aconteceram e ressaltou que Jair Bolsonaro continua sendo seu candidato para 2026. Recentemente, outros líderes políticos, como Baleia Rossi, do MDB, e Gilberto Kassab, do PSD, também se reuniram para debater o próximo pleito eleitoral. A expectativa interna é de que um “plano B” esteja estruturado e pronto para ser mobilizado ainda este ano, diante do cenário turbulento que apresenta riscos para os dois líderes políticos citados.
