O Governo Brasileiro designou representantes para participar de uma reunião com a Conmebol, agendada para esta quinta-feira (27) em Luque, no Paraguai, onde a confederação está baseada. O objetivo do encontro é discutir soluções para o enfrentamento do racismo no futebol. O evento contará com a presença de delegados de governos e associações esportivas dos dez países membros da confederação.
Para a ocasião, foram convocados Luiz Felipe Jesus de Barros, que é chefe de gabinete da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e Washington Stecanela Cerqueira, também conhecido como “Coração Valente”, que possui uma trajetória como ex-jogador de clubes como Fluminense, São Paulo e Athletico-PR e atualmente ocupa a presidência da Autoridade Pública de Governança do Futebol, vinculada ao Ministério do Esporte. A convocação segue um contexto de controvérsias relacionadas a ofensas racistas dirigidas a jogadores do Palmeiras, à insatisfação de times brasileiros acerca da inatividade da Conmebol em relação a questões de racismo e a uma declaração polêmica do presidente da entidade.
O encontro visa a discutir e analisar recentíssimas manifestações de racismo, discriminação e violência que ocorrem no cenário do futebol sul-americano. Esse espaço oferece a oportunidade de troca de opiniões e experiências sobre um tema que ocupa um lugar central nas preocupações da Conmebol.
A iniciativa do Governo Brasileiro e da CBF para a realização da reunião surge em meio a uma crise entre a Conmebol e os clubes brasileiros, intensificada por um incidente recente que envolveu jogadores do Palmeiras Sub-20 durante uma partida da Copa Libertadores contra o Cerro Porteño, ocasião em que os atletas foram alvo de xingamentos. Em resposta a essa situação, o clube paraguaio recebeu penalidades que incluem jogos da categoria com portões fechados, a obrigação de veicular conteúdos informativos sobre racismo nas redes sociais e o pagamento de uma multa de 50 mil dólares.
As autoridades brasileiras, junto com a CBF, solicitaram que a Conmebol realizasse investigações sobre o ocorrido. Durante a cerimônia de sorteio dos grupos da Libertadores e Sul-Americana, o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, havia se comprometido a implementar ações contra o preconceito. Contudo, no mesmo dia, ao ser indagado sobre uma possível ausência de times brasileiros nas competições, ele fez uma comparação infeliz que envolveu a expressão “Tarzan sem Chita”.
A analogia utilizada gerou desconforto significativo, levando Domínguez a se desculpar publicamente pelas redes sociais. Clubes como Palmeiras, Bahia e Vasco manifestaram repúdio à declaração, assim como o Governo Brasileiro, que se manifestou por meio dos Ministérios de Relações Exteriores, Igualdade Racial e Esporte. A CBF também enviou uma carta a Domínguez exigindo ações concretas para a luta contra o racismo no futebol.