O governo central do Brasil registrou um déficit primário de R$ 29,2 bilhões em fevereiro, conforme levantamento baseado nos dados do portal Siga Brasil, que fornece acesso às contas públicas. Esse resultado é resultado de uma receita líquida de R$ 144,5 bilhões e despesas totais de R$ 173,6 bilhões no referido mês. O déficit é inferior ao do mesmo período de 2024, que alcançou R$ 58,3 bilhões. A receita líquida apresentou um aumento de 3,7% em fevereiro em comparação a janeiro, ao passo que as despesas diminuíram 13,4%.
Em adição, o Brasil enfrentou um déficit comercial de US$ 324 milhões em fevereiro, conforme divulgado pelo governo. O fraco desempenho do consumo no quarto trimestre acentuou as discussões sobre a possibilidade de interromper o aumento das taxas de juros. A análise também aponta que tanto o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) quanto o aumento da despesa fiscal desestimularam o mercado.
A continuidade do crescimento da arrecadação líquida em fevereiro deste ano, embora mais modesta em relação a 2024, se manteve em um ritmo consistente. O relatório econômico observa que em fevereiro de 2024 houve a entrada de R$ 4,0 bilhões provenientes da taxação sobre os rendimentos acumulados de fundos exclusivos, o que não ocorreu este ano. Os dados indicam que o aumento da arrecadação está diretamente ligado ao Regime Geral de Previdência Social. Por outro lado, a arrecadação administrada pela Receita Federal apresentou uma alta de 1,6%, mesmo com o desempenho insatisfatório de alguns tributos, como o Imposto de Renda e a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL).
No que diz respeito às despesas, a queda foi especialmente influenciada pelo pagamento de precatórios em fevereiro de 2024, que não teve contrapartida no mesmo mês deste ano. As despesas discricionárias também sofreram uma contração de 12,7%, descontada a inflação. O desempenho dos gastos não obrigatórios em fevereiro correspondeu a 5% do que foi previsto na Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2025, superando os 3,8% registrados em janeiro, mas ficando abaixo dos 5,7% do ano anterior.
Em termos de benefícios previdenciários, houve um aumento de 2,4%, seguindo tendência semelhante a janeiro. O Benefício de Prestação Continuada (BPC) mostrou um aumento de 12,3% em fevereiro, uma desaceleração em relação ao crescimento de 14,8% observado em janeiro. A complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) seguiu uma trajetória de crescimento, enquanto o Bolsa Família apresentou uma queda real, com gastos 8% inferiores aos registrados em fevereiro de 2024.