Em uma mudança significativa em relação a uma política que vinha sendo seguida há anos, autoridades federais de imigração nos Estados Unidos agora poderão prender indivíduos e realizar operações em lugares como igrejas e escolas. Essa nova diretriz foi anunciada pelo secretário interino de Segurança Interna. A medida reflete uma postura mais rígida ao permitir ações que antes eram evitadas em áreas consideradas sensíveis.
A agência federal encarregada da imigração e controle de aduanas, conhecida como ICE, havia implementado uma política em 2011 que restringia operações em locais sensíveis para não causar temor entre as comunidades imigrantes. Especialistas e defensores dos direitos civis expressam preocupação de que essa mudança irá aumentar o medo nas comunidades, levando crianças a não frequentarem escolas e imigrantes a ficarem afastados de igrejas e hospitais.
Essa alteração se junta a uma série de iniciativas do governo que começaram logo nos primeiros dias da nova administração. O foco é reformular toda a política de segurança nas fronteiras e impulsionar um volume massivo de deportações. Dados indicam que existem aproximadamente 11 milhões de imigrantes indocumentados nos EUA, predominando entre eles os latino-americanos.
O presidente afirmou que qualquer entrada não autorizada será imediatamente barrada, iniciando um processo de repatriação de milhões de imigrantes considerados criminosos. Durante seu primeiro mandato, a administração anterior conseguiu deportar cerca de 1,5 milhão de imigrantes. Agora, com a nova estratégia, a meta é deportar até um milhão de pessoas anualmente, o que intensifica a preocupações para muitos brasileiros que vivem nos Estados Unidos.
Na segunda-feira, logo após assumir o cargo, o presidente também reiterou sua intenção de revogar a cidadania automática para crianças nascidas nos EUA de mães sem documentação ou com status provisório. Essa proposta já desencadeou processos em várias jurisdições e por grupos que defendem os direitos civis.
A União Americana pelas Liberdades Civis, junto a outras entidades, já protocolou uma ação em New Hampshire, algumas horas após a posse. Outra ação foi ajuizada em Boston, envolvendo uma mulher grávida em situação de proteção temporária e grupos de apoio a imigrantes. Ambas as ações judiciais alegam que a nova diretriz infringe o direito constitucional de cidadania para qualquer pessoa nascida em solo americano. Espera-se que mais ações similares sejam movidas por estados com governadores democratas, como a Califórnia e Connecticut.
Em pouco tempo, 18 estados, além do Distrito de Colúmbia e San Francisco, processaram ações alegando inconstitucionalidade na nova diretiva do presidente. As queixas mencionam ainda uma decisão da Suprema Corte de 1898, que afirma que crianças nascidas de pais não cidadãos têm direito à cidadania nos Estados Unidos.