O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ordenou que o ressarcimento às vítimas da fraude no INSS seja realizado com urgência, sem a necessidade de aguardar a conclusão das ações judiciais contra as associações envolvidas. Entretanto, ainda não há um cronograma definido para essa ação. O governo federal está concentrado em avaliar a extensão das perdas enfrentadas por aposentados e pensionistas, incluindo esforços para bloquear bens de indivíduos suspeitos de participar do esquema. Contudo, é improvável que esses bloqueios consigam cobrir todos os descontos ilegais aplicados por entidades.
Na segunda-feira, o novo presidente do INSS, Gilberto Waller, informou que a Advocacia-Geral da União está empenhada em efetuar esses bloqueios, visando utilizar os bens apreendidos para reparar os danos causados. O trâmite judicial tende a ser mais lento do que os processos políticos. Assim, o governo está analisando diferentes fontes para financiar o ressarcimento. Entre as opções, estão o remanejamento de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e emendas parlamentares. Também são consideradas medidas como crédito suplementar e revisão de gastos, sempre respeitando os limites estabelecidos pelo arcabouço fiscal.
Paralelamente a essas iniciativas, a oposição está avançando com a proposta de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que deve ser composta por deputados e senadores, em resposta ao escândalo. A expectativa é que o pedido de CPMI seja protocolado nesta terça-feira, com o suporte de mais de 210 assinaturas. A oposição conta com a colaboração de representantes de partidos que estão dentro da base governista, incluindo o União Brasil, que contribuiu com 29 assinaturas, o PP com 25, o Republicanos com 17, o PSD com 11, e o MDB também com 11. Até mesmo dois parlamentares do PSB, partido do vice-presidente, manifestaram apoio à CPMI.
A oposição busca contornar a resistência do presidente da Câmara, Hugo Motta, que não se mostrava disposto a avançar com o requerimento de CPI na Casa, embora as negociações continuem. A instalação de uma CPMI dependeria da decisão de Davi Alcolumbre, presidente do Senado, que ainda avalia os próximos passos. O Planalto espera que Alcolumbre mantenha sua lealdade, caso a proposta não siga adiante no Congresso.
Em uma abordagem adicional, a oposição planeja convocar o novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, para prestar esclarecimentos na Câmara. A mudança de ministério, entretanto, não foi considerada suficiente pelo grupo. É importante ressaltar que Wolney Queiroz atuou como secretário-executivo de Carlos Lupi e esteve presente em uma reunião do conselho em junho de 2023, onde foi discutido o problema dos descontos irregulares nas aposentadorias.
O Planalto manteve o controle do PDT no Ministério da Previdência para evitar agravar a insatisfação do partido, que já se sentia negligenciado antes mesmo da crise do INSS. A administração federal depende dos votos do PDT para assegurar parte de sua governabilidade, especialmente com a aproximação das eleições de 2026. Mesmo assim, a bancada do PDT na Câmara planeja reavaliar sua posição em relação ao governo petista.