Em meio à recuperação do setor de luxo, as vendas da marca Gucci sofreram uma queda de 25% no primeiro trimestre, representando mais um desafio para o grupo Kering, que já havia enfrentado uma redução de 21% nas vendas de sua principal marca no ano anterior. Além disso, outras marcas da holding, como Saint Laurent e Balenciaga, também relataram um declínio nas vendas de 14% no mesmo período.
A diretora financeira da Kering, Armelle Poulou, apontou que o tráfego de clientes nas regiões principais foi baixo, resultando em uma desaceleração nas vendas no varejo. As vendas da Saint Laurent caíram 9%, enquanto a categoria “Outros Luxos”, que inclui marcas como Balenciaga e McQueen, apresentou uma queda de 11%. A Bottega Veneta, por outro lado, destacou-se com um aumento de 7% nas vendas, impulsionado pelo interesse de clientes mais jovens e de consumidores VIPs.
A Gucci continua sendo a maior preocupação para a Kering, uma vez que representa mais de 60% do lucro operacional do grupo. A marca tem buscado recuperar sua posição sob a nova liderança de Stefano Cantino, CEO nomeado no ano passado. Desde 2023, a situação financeira do grupo tem se deteriorado, com as ações caindo 50% em 2024. Os investidores aguardam a primeira coleção do novo diretor criativo da Gucci, Demna, que começará oficialmente em julho.
Francesca Bellettini, co-vice-CEO da Kering, assegurou que Demna dará continuidade à visão da marca, ressaltando que não se espera um cancelamento das iniciativas anteriores. Novidades estão sendo constantemente apresentadas, com campanhas que revitalizam a identidade da grife, distantes do estilo do ex-estilista Alessandro Michele. A nova estratégia inclui uma reformulação das bolsas Bambu, agora apresentadas de forma mais alegre e sofisticada, além do lançamento de lenços que celebram a tradição em sedas da marca.
Embora os números da Gucci sejam preocupantes, a Kering demonstrou otimismo em relação ao mercado de luxo mais amplo. As vendas nos Estados Unidos, até o momento, têm se mantido estáveis e alinhadas com as expectativas para o final de 2024. A diretora financeira ressaltou a importância de permanecer atenta à volatilidade do mercado e sua possível influência sobre a confiança do consumidor.
Em relação à China, a diretora financeira afirmou que as perspectivas são limitadas devido às tensões comerciais e medidas de estímulo. No Japão, as vendas também desaceleraram, refletindo a normalização dos ganhos gerados pelo crescimento das compras turísticas e pela diminuição das disparidades de preços em relação a outros mercados, influenciada pela desvalorização do iene.
