Uma situação bastante comum atualmente é a de um casal em um restaurante, acompanhado de um filho ainda no carrinho, mas já utilizando um celular. Este dispositivo tornou-se uma espécie de “babá” eletrônica, que distraí e isola a criança do ambiente ao seu redor. Para os pais, essa é uma solução prática e imediata, no entanto, as consequências desse uso descontrolado podem ser negativas a longo prazo. A exposição a telas antes dos dois anos de idade está associada a um atraso no desenvolvimento infantil. Nesse período, a utilização de um celular por 50 minutos diários significa que a criança deixa de ouvir aproximadamente 850 mil palavras em dois anos.
Após os dois anos, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que o uso de dispositivos eletrônicos seja monitorado. A entidade disponibiliza uma tabela com limites de tempo de uso diário, conforme a faixa etária da criança. Além de controlar o tempo que as crianças passam em frente a telas, é essencial que os responsáveis estejam atentos ao tipo de conteúdo acessado. Especialistas enfatizam a importância de os pais conhecerem os ambientes digitais que seus filhos visitam e de ensinarem a utilização da internet de maneira consciente. A orientação é de que os responsáveis estabeleçam limites claros e expliquem suas razões.
Um movimento social liderado por pais, denominado Desconecta, defende que o acesso às redes sociais deve ser liberado apenas após os 16 anos de idade. De acordo com representantes do movimento, o vício digital é alimentado por algoritmos sofisticados, o que torna o controle de tempo e conteúdo insuficiente para mitigar o risco de um uso inadequado. O Desconecta busca esclarecer que o uso de celulares pode criar uma falsa sensação de segurança para os jovens.
É igualmente importante que os pais reflitam sobre o próprio uso de dispositivos móveis. Muitos adultos acabam por servir como maus exemplos. Especialistas identificam algumas atitudes que devem ser evitadas por pais na educação digital dos filhos, especialmente no que se refere ao uso de celulares:
1. Entregar um celular a uma criança durante as refeições,
2. Colocar televisão e computador no quarto dos filhos,
3. Utilizar o celular por longos períodos, inclusive nas refeições, o que pode servir de mau exemplo,
4. Priorizar o celular em detrimento da atenção com os filhos,
5. Proporcionar poucas atividades em família que promovam interação,
6. Falhar em estabelecer limites. O “não” é uma ferramenta essencial para preparar a criança para a realidade,
7. Permitir o acesso às redes sociais antes dos 16 anos.