Moradores do sul do Líbano começaram a retornar às áreas devastadas nesta terça-feira (18), buscando os corpos de familiares que perderam na guerra do ano anterior entre Israel e o Hezbollah, enquanto as forças israelenses se retiravam da maior parte da região. O ministro das Relações Exteriores de Israel anunciou que a retirada das tropas do sul seria concluída nesta data, em conformidade com um prazo estabelecido por um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos. No entanto, ele informou que tropas israelenses permaneceriam em cinco locais estratégicos para garantir a segurança do país.
O Hezbollah, que sofreu perdas significativas durante o conflito, declarou que Israel ainda estava ocupando território libanês, responsabilizando o governo do Líbano por tomar medidas para a retirada das forças israelenses. Em Kfar Kila, uma das aldeias mais afetadas, a destruição foi extensiva. Uma moradora mencionou que, ao retornar ao seu bairro, mal conseguia localizar sua casa em meio à devastação. Equipes de resgate conseguiram retirar vários corpos dos escombros e relataram a descoberta de duas pessoas ainda vivas.
A Defesa Civil libanesa confirmou a recuperação de 23 corpos nas aldeias de Kfar Kila, Mays al-Jabal, Odaisseh e Markaba. De acordo com fontes locais, os indivíduos encontrados, tanto vivos quanto mortos, eram combatentes do Hezbollah, que perderam milhares de membros durante o conflito. Um político da região destacou que muitos residentes estavam inspecionando várias aldeias que agora se tornaram acessíveis, enquanto o exército libanês continuava os esforços de limpeza das estradas. No entanto, a presença contínua de Israel foi descrita como uma “ferida aberta”.
O conflito, que teve início quando o Hezbollah disparou em 8 de outubro de 2023, em apoio ao Hamas, resultou no deslocamento de dezenas de milhares de israelenses do norte e mais de um milhão de pessoas no Líbano. Em Misgav Am, um kibutz israelense próximo à fronteira, alguns moradores visitaram a área e plantaram árvores, expressando o desejo de retornar, embora a incerteza sobre a segurança permanecesse.
Durante uma grande ofensiva israelense contra o Hezbollah, a situação se intensificou, resultando em perdas significativas para o grupo apoiado pelo Irã, incluindo a morte de seu líder Hassan Nasrallah. O sentimento entre os habitantes da região variava entre alegria e tristeza diante da destruição. Em Yaroun, uma mulher foi vista segurando flores e a bandeira do Hezbollah, refletindo sobre a perda de seus entes queridos.
Os termos do cessar-fogo, que exigiam a retirada das tropas israelenses e proibições sobre a presença militar do Hezbollah no sul do Líbano, foram acompanhados de obrigações para que o exército libanês, apoiado pelos EUA, assumisse a área de fronteira. Embora a retirada estivesse inicialmente programada para 26 de janeiro, foi estendida para 18 de fevereiro, levando a acusações mútuas entre os países sobre o descumprimento dos acordos. Israel afirmou estar retirando suas tropas, apesar das violações apontadas em relação ao Hezbollah.
O parlamentar do Hezbollah reafirmou que as terras libanesas ainda estavam sob ocupação israelense, enfatizando a responsabilidade do estado libanês em garantir a libertação dessas áreas. A presidência libanesa confirmou que qualquer presença israelense seria considerada como uma ocupação, destacando o direito do Líbano em utilizar todos os meios necessários para assegurar a retirada das tropas israelenses. As Nações Unidas comentaram que, apesar dos atrasos, houve progresso desde o início do cessar-fogo no final de novembro, com a retirada de Israel de áreas urbanas e o empenho do exército libanês em circunstâncias desafiadoras.