A Universidade Harvard comunicou nesta segunda-feira, 14, que não atenderá às solicitações do presidente dos Estados Unidos. A instituição alega que as mudanças solicitadas pelo governo resultariam em exigências “sem precedentes”. Na semana anterior, a Casa Branca pediu a diminuição do poder de alunos e professores em questões internas, a denúncia de estudantes internacionais que infringirem códigos de conduta às autoridades federais, além da contratação de profissionais externos para promover uma “diversidade de pontos de vista”.
De acordo com o presidente de Harvard, Alan Garber, “nenhum governo — independentemente do partido no poder — deve determinar o que as universidades privadas podem ensinar, quem elas podem admitir e contratar, e quais áreas de estudo e pesquisa podem seguir”.
A equipe jurídica da universidade rebateu a comunicação de exigências, afirmando que “não está disposta a concordar com demandas que superam a autoridade legal deste ou de qualquer outro governo”. No mês passado, a administração Trump anunciou que estava revisando cerca de US$ 256 milhões em contratos federais e outros US$ 8,7 bilhões em compromissos de doações plurianuais com a instituição, alegando que Harvard não fez o suficiente para combater o antissemitismo.
Josh Gruenbaum, um representante da Administração de Serviços Gerais, indicou que, apesar das recentes ações de Harvard para combater o antissemitismo institucionalizado serem bem-vindas, ainda há muito trabalho a ser feito pela universidade para justificar a continuidade de seu financiamento federal.
A decisão da universidade surge poucos dias após a Associação Americana de Professores Universitários e a filial de Harvard terem iniciado um processo contra a administração Trump. Os sindicatos buscam uma liminar para impedir os planos do governo federal de cortar o financiamento a Harvard, a menos que a universidade atenda a uma série de exigências, que incluem o fim de programas relacionados à Diversidade, Equidade e Inclusão.
As demandas também incluem a proibição do uso de máscaras em protestos estudantis e a “cooperação total” da universidade com o Departamento de Segurança Interna, para permitir “mudanças organizacionais necessárias que garantam plena conformidade”. Em meio ao aumento das tensões, Nikolas Bowie, secretário-tesoureiro do Capítulo de Faculdades da AAUP-Harvard, comentou que “nenhuma lei neste país permite que o presidente Trump suspenda bilhões de dólares de universidades como Penn, Princeton ou Harvard apenas porque ele discorda de suas políticas sobre atletas transgêneros, suas pesquisas sobre mudanças climáticas ou a liberdade de expressão protegida constitucionalmente de seus alunos e professores”.