O professor da Universidade de São Paulo, Angelo Segrillo, oferece uma análise crítica sobre o atual cenário geopolítico global, evidenciando um ressurgimento significativo do nacionalismo. Este fenômeno, de acordo com Segrillo, contraria a teoria do “Choque de Civilizações” formulada pelo cientista político Samuel Huntington. O professor argumenta que Huntington cometeu um erro ao prever os conflitos que surgiriam no período pós-Guerra Fria. Segundo ele, Huntington acreditava que, após 1991, os conflitos seriam desencadeados por choques entre civilizações, considerando os Estados-nações ainda relevantes, mas agrupados em blocos civilizacionais.
O retorno do nacionalismo observado atualmente desafia essa expectativa. Segrillo fornece um exemplo relevante: se realmente houvesse um conflito exclusivamente baseado em civilizações, a civilização ocidental, a qual Huntington considerava a mais proeminente, estaria se consolidando. No entanto, a realidade mostra os Estados Unidos se distanciando da Europa.
Além disso, a guerra na Ucrânia é outro ponto que questiona a teoria de Huntington. Segrillo observa que Rússia e Ucrânia, pertencentes à mesma civilização ortodoxa, estão se afastando uma da outra, o que reforça a ideia de que não há uma formação de alianças em torno de civilizações conforme previra Huntington.
Essa análise sugere uma transformação significativa nas dinâmicas das relações internacionais, onde nações têm priorizado seus próprios interesses em detrimento de alianças fundamentadas em afinidades culturais ou civilizacionais. Esse cenário pode trazer implicações profundas para a política global e para a diplomacia nos anos seguintes.
