Nesta segunda-feira, 2 de outubro, tópicos que ganharam notoriedade na semana anterior emergiram novamente no cenário financeiro. Um deles diz respeito à política comercial dos Estados Unidos, após novas declarações do presidente Donald Trump sobre possíveis aumentos tarifários. Na sexta-feira, 30 de setembro, Trump mencionou que a China teria descumprido parte do acordo que busca a redução mútua de tarifas e restrições comerciais sobre minerais essenciais, prometendo uma resposta. Ele também indicou que pretende aumentar as tarifas de importação de aço e alumínio de 25% para 50%, intensificando a pressão sobre os produtores globais desses materiais.
De acordo com comentários de especialistas em investimentos, como Bruno Shahini, a retomada do discurso protecionista pelo governo americano reflete uma fase marcada pela aversão ao risco entre os investidores, que se voltaram principalmente para os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA e a desvalorização do dólar. A valorização do petróleo, impulsionada por incertezas geopolíticas entre Rússia e Ucrânia, também influenciou um fluxo positivo em direção a mercados emergentes, incluindo o real brasileiro.
Outro tópico importante foi o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Durante a semana anterior, o aumento do tributo manteve os agentes econômicos atentos às notícias relacionadas. O Governo Federal implementou um aumento nas alíquotas do IOF em 22 de maio, e desde então, a medida tem gerado críticas, especialmente no Congresso. O propósito do aumento do imposto é atender à meta fiscal do país.
Nesse contexto, a moeda americana iniciou a semana apresentando uma queda de 0,81%, sendo cotada a R$ 5,6740. No ano, o dólar acumula uma desvalorização de 8,17% em comparação ao real. O índice Ibovespa também registrou queda de 0,18% no dia, fechando em 136.786,65 pontos. Analistas do setor financeiro sugerem que o último mês do semestre será caracterizado por cautela, devido a diversas incertezas, como as tarifas comerciais e o agravamento da situação fiscal nos Estados Unidos, o que pode aumentar a volatilidade nos mercados.
Fernando Bergallo, diretor da assessoria FB Capital, afirmou que a redução do dólar no Brasil foi limitada por incertezas fiscais. Ele expressou preocupação sobre a afirmativa do governo de que o aumento do IOF seria a única solução para equilibrar as contas públicas, destacando a desconexão entre o Palácio do Planalto e o Congresso, o que impactou negativamente o mercado.
Na manhã de hoje, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que espera resolver a questão das mudanças no IOF junto com medidas estruturais para equilibrar a situação fiscal. Ele mencionou que os líderes da Câmara e do Senado demonstraram abertura para discutir soluções duradouras para as contas públicas, evitando medidas temporárias.
Entre os destaques do mercado, a B3 ON apresentou uma queda de 1,72%, indicando uma leve diminuição no volume médio diário de transações de ações em comparação ao mês anterior. A arquivação da ação pelo Santander em sua carteira de dividendos para junho foi mencionada, dado o potencial limitado de valorização futura após um aumento significativo no início do ano.
As ações da GERDAU PN foram favorecidas, subindo 5,05% após o anúncio de Trump sobre o aumento das tarifas sobre importações de aço, o que pode beneficiar a empresa devido à sua presença no mercado americano. As ações do Itaú Unibanco PN registraram uma queda de 0,71%, refletindo um clima negativo entre os bancos, enquanto o Banco do Brasil ON e o Santander Brasil Unit também apresentaram perdas.
A Braskem PNA teve uma desvalorização de 4,36%, com investidores aguardando o desfecho das negociações relativas ao controle da petroquímica, após uma proposta pelo empresário Nelson Tanure no mês passado. Por outro lado, as ações do Magazine Luiza ON valorizaram 3,47%, em resposta a um relatório de analistas que aumentaram as previsões de lucro da varejista, embora tenham mantido uma recomendação neutra.
Na Petrobras PN, houve um crescimento de 0,58%, alinhando-se à alta do petróleo no mercado internacional, onde o barril de Brent registrou um aumento de 2,95%. A estatal também anunciou uma redução no preço da gasolina pela primeira vez em mais de um ano e meio. A Vale ON valorizou-se em 0,88%, mesmo sem a referência dos mercados chineses, que estavam fechados devido a um feriado. A mineradora antecipou a publicação de um relatório financeiro que incluirá estratégias de descarbonização.