O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgou nesta sexta-feira (7) que, na próxima semana, as importações americanas passarão a ser tributadas de forma recíproca. A reação do mercado a essa notícia foi negativa, resultando na valorização do dólar em relação a várias moedas, incluindo o real brasileiro. Analistas acreditam que essas tarifas de importação podem gerar pressões inflacionárias, levando o Federal Reserve (Fed) a manter as taxas de juros em patamares elevados. Essa situação, em teoria, favorece o desempenho do dólar ao aumentar os rendimentos dos títulos do governo norte-americano, conhecidos como Treasuries.
Além das novas tarifas, o governo dos Estados Unidos divulgou que a criação de novos postos de trabalho em janeiro ficou abaixo das expectativas do mercado. Especialistas projetavam a geração de 170 mil vagas, mas apenas 143 mil foram criadas. Entretanto, a taxa de desemprego permaneceu em 4%, 0,1 ponto percentual inferior ao que era previsto. Ao final do pregão, o dólar à vista valorizou-se em 0,48%, alcançando R$5,79268, enquanto o índice Ibovespa registrou queda de 1,27%, fechando em 124.619,40 pontos.
No Brasil, a possibilidade de um reajuste no Bolsa Família gerou apreensão em relação à política monetária do país. O governo federal anunciou que está avaliando um aumento no valor do programa social devido à alta nos preços dos alimentos. O mercado considerou essa medida contraditória, especialmente diante da necessidade de contenção dos gastos públicos. A primeira perda semanal do ano foi acentuada também pela queda das ações do Bradesco, que recuaram cerca de 4% após a divulgação de seus resultados trimestrais e das previsões para 2025.
A criação de empregos nos Estados Unidos sustentou a hipótese de um abrandamento no mercado de trabalho, o que poderia abrir espaço para que o Fed reduzisse sua taxa de juros, beneficiando o diferencial de juros entre Brasil e EUA. No entanto, a atenção dos analistas se voltou mais para a taxa de desemprego, gerando um clima de pessimismo. Segundo um analista de mercado, o relatório de empregos foi misto, mas indicou uma desaceleração na criação de novas vagas, o que impactou a reação do mercado.
Entre os destaques do dia na bolsa, as ações do Bradesco (BRADESCO PN) caíram 3,93%, apesar de um aumento de 87,7% no lucro do quarto trimestre, que totalizou R$5,4 bilhões. O banco também apresentou previsões de desaceleração no crescimento de sua carteira de crédito. O Itaú Unibanco (ITAÚ UNIBANCO PN) perdeu 0,73% e o Santander Brasil (SANTANDER BRASIL UNIT) recuou 2,19%. O Banco do Brasil (BANCO DO BRASIL ON), que apresentará seus resultados em breve, viu suas ações caírem 1,31%, enquanto BTG Pactual (BTG PACTUAL UNIT) teve uma leve alta de 0,06%.
As ações da Localiza (LOCALIZA ON) fecharam em queda de 6,11%, influenciadas pelo aumento nas taxas dos contratos de DI, seguindo a tendência dos rendimentos dos Treasuries. A Cosan (COSAN ON) registrou uma perda de 6,14%, enquanto a Raízen (RAÍZEN PN) viu suas ações caírem 3,83%, em meio a notícias sobre discussões acerca de um potencial aumento de capital. Vale (VALE ON) teve uma leve queda de 0,54%, apesar de altas nos preços do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou o dia em alta.
As ações da Petrobras (PETROBRAS PN) recuaram 0,57%, descolando-se da valorização dos preços do petróleo no mercado internacional, onde o barril de Brent subiu 0,5%. No setor de tecnologia, a Totvs (TOTVS ON) subiu 2,69%, enquanto aguarda novidades sobre a aquisição da Linx. A empresa já havia mencionado que está avaliando uma proposta potencial para a compra.
As ações da Multiplan (MULTIPLAN ON) caíram 0,85%, mesmo após reportar um lucro líquido de R$512,5 milhões no quarto trimestre, um aumento de 69,4% em relação ao ano anterior. No setor de shoppings, o Iguatemi (IGUATEMI UNIT) subiu 0,74%, enquanto a Allos (ALLOS ON) teve uma leve perda de 0,31%. Por fim, a CCR (CCR ON) caiu 2,67%, em meio a um lucro líquido ajustado de R$360 milhões no quarto trimestre, refletindo uma queda de 8,6% e uma perspectiva mais cautelosa da empresa em relação a futuros leilões de concessões.