O índice Ibovespa apresentou uma queda no fechamento desta segunda-feira (24), dissociando-se do comportamento dos mercados americanos. Entre os principais índices de Wall Street, o Nasdaq obteve o melhor resultado do dia, com uma alta superior a 2%. Destacou-se a valorização das ações do grupo conhecido como “Sete Magníficas” (Magnificent Seven), que inclui empresas como Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla. A montadora Tesla, liderada por Elon Musk, registrou um aumento de quase 11%, representando um incremento de cerca de US$ 95 bilhões (aproximadamente R$ 546,25 bilhões). As ações da Tesla não tinham um desempenho tão positivo desde 6 de novembro do ano anterior, data que se seguiu ao anúncio dos resultados das eleições americanas que favoreceu Donald Trump, do Partido Republicano.
No Brasil, o movimento do Ibovespa refletiu uma dinâmica de realização de lucros ao longo do dia, com a Embraer apresentando um declínio de aproximadamente 5%, enquanto a Brava experimentou um crescimento de 10%. O recuo do índice foi de 0,77%, fechando a 131.321,44 pontos, com uma mínima de 130.991,87 pontos e uma máxima de 132.424,43 pontos. O volume financeiro foi de R$ 18,5 bilhões. Até a última sexta-feira (21), o Ibovespa acumulava uma alta de 10% em 2025, tendo se aproximado de 133 mil pontos na semana anterior. As transações na bolsa paulista ocorreram em um cenário de aumento nas taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), acompanhando a valorização do dólar frente ao real e a elevação dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano.
O câmbio do dólar manteve uma tendência de alta por três dias consecutivos, encerrando o dia cotado a R$ 5,7528, representando um aumento de 0,65%. Essa movimentação foi particularmente influenciada por declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Nos primeiros momentos da sessão, a moeda americana chegou a apresentar uma oscilação negativa em relação ao real, mas rapidamente retornou ao campo positivo, impulsionada por comentários do ministro Haddad em um evento. O ministro expressou que alterações nos parâmetros do arcabouço fiscal poderiam ser consideradas em situações de estabilidade da dívida em relação ao PIB, além de uma Selic e inflação mais controladas. No entanto, suas declarações geraram nervosismo no mercado, com alguns participantes percebendo um possível risco nas falas, mesmo que Haddad não tenha sugerido mudanças que comprometessem a estrutura do arcabouço fiscal. Após o evento, o ministro afirmou em uma rede social que houve uma tentativa de distorção de suas palavras, reafirmando seu apoio à arquitetura do arcabouço fiscal e esclarecendo que mudanças nos parâmetros poderiam ocorrer conforme as circunstâncias, mas que as metas estabelecidas pelo governo atual devem ser cumpridas.
Após a pressão ocasionada pelas declarações do ministro da Fazenda, o dólar apresentou uma diminuição em sua valorização, mas ainda assim manteve-se em alta, acompanhando seu desempenho frente a outras moedas no cenário internacional. Essa movimentação é decorrente das apreensões relacionadas às tarifas comerciais anunciadas pelos Estados Unidos. O presidente americano, Donald Trump, afirmou que um anúncio relacionado a tarifas sobre automóveis, alumínio e produtos farmacêuticos ocorrerá em breve. Além disso, o “The Wall Street Journal” informou sobre a probabilidade de que o governo dos EUA adie um conjunto de tarifas específicas para setores, programadas para entrarem em vigor no dia 2 de abril.
No início do dia, o boletim Focus do Banco Central apontou uma revisão na projeção mediana do mercado quanto à cotação do dólar para o final de 2025, caindo de R$ 5,98 para R$ 5,95, marcando a segunda queda semanal consecutiva.
Dentre os destaques do mercado, a EMBRAER ON apresentou uma queda de 4,7%, em resposta ao movimento de realização de lucros, após ter registrado máximas históricas na semana anterior. No acumulado de 2025, até o dia 21, a ação da empresa apresentava uma valorização de 33%. A VALE ON recuou 0,52%, revertendo a valorização inicial do dia, mesmo com a alta do minério de ferro na China. Por outro lado, a USIMINAS PNA subiu 1,38%, refletindo a confiança da empresa em uma melhora nas margens de siderurgia, segundo analistas do Itaú BBA. A SABESP ON perdeu 2,52%, antecedendo a divulgação de seu balanço do quarto trimestre, com previsões de analistas prevendo um resultado operacional medido pelo Ebitda em quase R$ 2,9 bilhões.
A PETROBRAS PN caiu 0,14%, também descolada da alta do petróleo no mercado internacional. Analistas do UBS BB reduziram o preço-alvo dos papéis de R$ 51 para R$ 49, mas mantiveram a recomendação de compra, destacando a atratividade dos dividendos. No setor bancário, o BRADESCO PN subiu 1,04%, enquanto outras instituições tiveram desempenhos variados: ITAÚ UNIBANCO PN com 0,09% de alta, Banco do Brasil ON com uma leve queda de 0,04% e SANTANDER BRASIL UNIT perdendo 0,52%.
A BRAVA ENERGIA ON avançou 10,19%, continuando a alta após a divulgação de resultados do quarto trimestre na semana anterior, com analistas do Santander prevendo tendências operacionais mais favoráveis. A HAPVIDA ON teve um fechamento negativo de 4,15%, mesmo com recomendações de compra por analistas do Goldman Sachs, embora o preço-alvo tenha sido reduzido de R$ 4,3 para R$ 4. A IRB(RE) ON registrou uma leve alta de 0,29%, com analistas comentando sobre dados de janeiro do ressegurador, que mostraram um lucro líquido de R$ 41,4 milhões, superando os R$ 36,3 milhões do ano anterior e um índice de sinistralidade que subiu para 64,5%.
A AZUL PN, por sua vez, recuou 2,43%, acompanhada de um anúncio de que está considerando uma possível oferta primária de ações preferenciais para a recapitalização da companhia. A GOL PN, que não integra o Ibovespa, teve um aumento de 1,41%, após anunciar um compromisso de investimento que pode alcançar até US$ 1,25 bilhão, parte de seu plano de recuperação judicial.