A Polícia Civil de Minas Gerais anunciou, no dia 7 de outubro, que partes de corpos encontrados na região afetada pelo colapso da barragem da mineradora Vale pertencem à corretora de imóveis Maria de Lurdes da Costa Bueno. Essa identificação marca a 268ª vítima reconhecida do desastre ocorrido em janeiro de 2019. Embora mais de seis anos tenham se passado desde a tragédia, permanecem desaparecidos os corpos de duas vítimas, Tiago Tadeu Mendes da Silva e Nathália de Oliveira Porto Araújo.
As operações de busca por vítimas continuam a ser realizadas pelo Corpo de Bombeiros, que reafirmou seu compromisso de não interromper os esforços até que todas as vítimas sejam identificadas. A confirmação da morte de Maria de Lurdes, que tinha 59 anos, foi divulgada nas redes sociais pela Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum). A postagem expressou a necessidade de continuidade na luta por justiça e pelos direitos das famílias afetadas, acompanhada de uma citação do filósofo Rubem Alves.
Residente de São José do Rio Pardo, em São Paulo, Maria de Lurdes estava em Brumadinho como turista, com o intuito de visitar o Instituto Inhotim, renomado como o maior centro de arte ao ar livre da América Latina. A pousada onde estava hospedada, Nova Estância, foi destruída pela avalanche de rejeitos.
Na viagem, acompanhavam-na seu marido, Adriano Ribeiro da Silva, sua enteada Camila Taliberti e seu enteado, Luiz Taliberti, que estava com sua esposa, Fernanda Damian, grávida de cinco meses. Todos perderam a vida durante o incidente. Para homenagear Camila e Luiz, amigos e familiares fundaram o Instituto Camila e Luiz Taliberti (ICLT), com sede em São Paulo e presidido pela mãe de ambos, Helena Taliberti. O instituto se dedica à defesa dos direitos humanos e colabora com a Avabrum na preservação da memória das vítimas e na busca por respostas à tragédia.
O rompimento da barragem, que fazia parte de um complexo minerário da Vale em Brumadinho, ocorreu em 25 de janeiro de 2019, liberando uma massa de rejeitos que soterrou 270 pessoas. A maioria das vítimas era composta por trabalhadores da mineradora e de empresas subcontratadas que operavam na mina.
A Avabrum relata um total de 272 mortes, incluindo os bebês de duas mulheres grávidas. A tragédia também causou a destruição de comunidades e provocou sérios danos ambientais na bacia do Rio Paraopeba. Até o presente momento, não houve prisões relacionadas ao colapso da barragem. O processo criminal, que foi inicialmente tratado pela Justiça estadual, agora está sob a jurisdição federal, onde os réus estão no prazo para apresentar suas defesas.
Cerca de dezesseis pessoas foram denunciadas, incluindo indivíduos associados à Vale e à Tüv Süd, uma consultoria alemã que havia atestado a estabilidade da barragem. Contudo, o ex-presidente da mineradora, Fábio Schvartsman, conseguiu um habeas corpus no ano anterior, o que resultou em sua exclusão do rol de réus.
Recentemente, duas semanas após o marco de seis anos da tragédia, a Avabrum organizou um evento em memória das vítimas, reiterando o compromisso de lutar contra a impunidade. Durante a cerimônia, foi inaugurado o Memorial Brumadinho, um espaço criado para homenagear as vítimas e proporcionar uma conexão com a memória dos que foram perdidos, em cumprimento a uma solicitação das famílias afetadas.