31 março 2025
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Imagens Inspiradas na Estética da Animação Japonesa

Uma nova ferramenta de geração de imagens foi introduzida pela OpenAI, permitindo que os usuários convertam memes, fotografias pessoais e cenas de filmes em ilustrações que lembram o estilo dos longa-metragens do Studio Ghibli, como “A Viagem de Chihiro” e “O Castelo Animado”. Essa novidade rapidamente se tornou viral, com plataformas de redes sociais como X (formerly Twitter) e Instagram inundadas de imagens caracterizadas por grandes olhos, paletas de cores suaves e traços delicados, características da estética idealizada por Hayao Miyazaki.

O CEO da OpenAI, Sam Altman, participou dessa tendência ao alterar sua foto de perfil para uma versão inspirada no estilo Ghibli. A OpenAI, em um documento mencionado pela agência AP News, declarou que sua tecnologia adota uma “abordagem conservadora” para evitar reproduzir o estilo de artistas contemporâneos, mas permite que os usuários experimentem com o que são definidos como “estilos de estúdios mais abrangentes”, resultando na popular chamada de “ghiblificação” das imagens.

Críticas ao uso desse estilo pelas inteligências artificiais começaram a surgir rapidamente. Hayao Miyazaki, um dos cofundadores do Studio Ghibli, expressou publicamente sua desaprovação em relação ao uso de inteligência artificial para a produção de animações. Em uma gravação de 2016, ao observar uma animação grotesca gerada por IA, Miyazaki manifestou estar “profundamente enojado” e afirmou: “Eu sinto fortemente que esse tipo de coisa é um insulto à própria vida”.

Karla Ortiz, artista e antiga admiradora dos filmes do estúdio, está movendo uma ação judicial contra plataformas que utilizam geradores de imagens por IA e considera essa tendência como ofensiva. Ela mencionou que o nome, a marca e a reputação do Ghibli estão sendo explorados para promover produtos da OpenAI, classificando isso como uma forma de exploração. Ortiz também criticou o uso de uma imagem no estilo Ghibli pela conta oficial do governo Trump, que representava uma mulher chorando após a detenção por agentes de imigração nos Estados Unidos. Em suas redes sociais, ela expressou seu descontentamento com a deterioração do trabalho de Miyazaki para criar algo repulsivo, e manifestou seu desejo de que o estúdio processe a OpenAI.

A questão legal relacionada à potencial violação de direitos autorais devido à imitação de estilos visuais é complexa. Segundo o advogado Josh Weigensberg, é importante distinguir entre um estilo genérico e elementos visuais específicos que podem configurar uma violação. Ele explicou que é possível congelar um quadro de “O Castelo Animado” ou “A Viagem de Chihiro” e identificar elementos idênticos nas produções geradas por IA. A simples afirmação de que estilos não são protegidos por lei não encerra o debate.

O cerne da questão reside em saber se a OpenAI treinou sua inteligência artificial a partir de obras do Studio Ghibli e, em caso positivo, se recebeu autorização para tal. A empresa não forneceu resposta a esta indagação quando foi questionada por jornalistas. De acordo com o advogado Evan Brown, entrevistado pelo portal TechCrunch, este tipo de treinamento se encontra em uma zona cinzenta do ponto de vista legal, que poderá ser esclarecida por meio de decisões judiciais nos próximos anos. Enquanto isso, usuários continuam a compartilhar suas versões em estilo Ghibli de retratos familiares, figuras históricas e memes populares.

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