O ambiente econômico foi impactado pela decisão de um tribunal de comércio nos Estados Unidos, que suspendeu a maior parte das tarifas de importação impostas pelo presidente Donald Trump. Segundo a avaliação do tribunal, as tarifas foram implementadas além da autoridade presidencial, uma atribuição que é exclusiva do Congresso. Os mercados também mantiveram atenção em relação ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), ainda que nenhuma alteração tenha sido anunciada até o momento.
No fechamento da sessão, a cotação do dólar registrou uma queda de 0,51%, fixando-se a R$ 5,6663. O Índice Bovespa, por sua vez, apresentou uma leve redução de 0,25%, encerrando em 138.533,7 pontos. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 teve um aumento de 0,40%, com as incertezas relacionadas às tarifas sendo atenuadas pelos resultados trimestrais da empresa Nvidia, que superaram as expectativas.
Durante a tarde, um tribunal federal de apelação dos EUA restabeleceu as tarifas que haviam sido bloqueadas anteriormente, sem fornecer justificativas, e determinou prazos para resposta dos envolvidos no processo. Antes dessa decisão, membros do governo Trump minimizavam os impactos da suspensão das tarifas nas negociações comerciais.
Nesse contexto incerto, a moeda americana depreciou frente a outras divisas fortes, como o iene japonês, euro e libra, além de moedas de países emergentes, como o real, rand sul-africano, peso chileno e peso mexicano.
No que diz respeito ao IOF, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, sinalizou que o Congresso pode reverter o decreto que aumentou o imposto sobre diversas operações. Ele afirmou que há disposição entre os parlamentares para encontrar uma solução em conjunto com o governo, promovendo medidas fiscais mais estruturadas. Durante coletiva, Motta confirmou que a maioria dos deputados deseja revogar o aumento do IOF e ressaltou a necessidade de dar tempo ao governo para apresentar alternativas viáveis.
Mais tarde, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, declarou que ainda não há uma solução definitiva para os reajustes do IOF, que enfrentam resistência significativa no Congresso. Recentemente, o governo anunciou um aumento nas alíquotas do IOF, inclusive em operações de câmbio, com o intuito de aumentar a arrecadação e atingir as metas fiscais, mas algumas dessas elevações foram rapidamente canceladas em resposta à reação negativa do mercado.
Entre as ações que se destacaram no mercado, a AZUL PN caiu 6,8% devido à solicitação do grupo para recuperação judicial nos Estados Unidos, levando analistas do JPMorgan a rebaixar a recomendação para as ações da companhia. A classificação de crédito da empresa foi reduzida pelas agências S&P e Fitch. A partir da próxima sessão, os papéis da Azul deixarão de integrar o Índice Bovespa e outros índices da B3.
O BANCO DO BRASIL ON caiu 1,58%, influenciado por dados de crédito divulgados pelo Banco Central, que indicaram um leve aumento nas concessões, além de um incremento na inadimplência. O ITAÚ UNIBANCO PN também registrou uma queda de 0,79%, enquanto o BRADESCO PN recuou 0,43% e SANTANDER BRASIL UNIT apresentou uma diminuição de 0,3%.
No setor de energia, a PETROBRAS PN declinou 0,6%, impactada pela redução nos preços do petróleo no exterior, com o barril de Brent fechando com uma baixa de 1,16%. A diretoria da estatal aprovou a emissão de R$ 3 bilhões em debêntures simples, que serão utilizadas para financiar gastos, despesas e dívidas relacionadas a investimentos prioritários.
No setor de mineração, a VALE ON viu uma leve valorização de 0,07%, mesmo com a alta nos contratos futuros de minério de ferro na China após quatro dias de perdas. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange registrou um aumento de 1,29%, encerrando a R$ 556,42 a tonelada.
A B3 ON caiu 1,4%, destacando-se entre os principais negativos do Ibovespa. Analistas do UBS BB rebaixaram a recomendação para neutra, alegando que a valorização acumulada das ações, cerca de 40% este ano, limita o potencial de alta futura. No entanto, elevaram o preço-alvo dos papéis de R$ 13,50 para R$ 16,00, com a revisão das estimativas de lucro para o período de 2025 a 2029.
Na contramão, a COSAN ON valorizou-se em 2,07%, com analistas do Bank of America reiterando a recomendação de compra, considerando a posição da empresa como sólida a longo prazo. Apesar da manutenção da recomendação de compra para Raízen, o preço-alvo foi reduzido de R$ 3,00 para R$ 2,70. A RAÍZEN PN teve uma alta de 1,02%, impulsionada por notícias de que a produção de açúcar no centro-sul caiu menos do que o esperado na primeira quinzena de maio.
A SABESP ON também se valorizou, com um ganho de 1,48%, após acertar a aquisição da totalidade das participações da Iguá Saneamento nas sociedades Andradina e Castilho, exercendo seu direito de preferência na compra.
Por sua vez, a COPEL PNB teve uma alta significativa de 1,51%, alcançando máximas históricas, sustentada por relatórios otimistas de analistas do Itaú BBA e do UBS BB, que elevaram suas estimativas de preço-alvo. Analistas indicaram que, mesmo com o desempenho forte das ações, o perfil de risco/retorno da Copel ainda é atrativo.
A JBS ON subiu 0,69%, após o Brasil ser reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como livre de febre aftosa sem vacinação, o que pode facilitar a abertura de novos mercados internacionais para a carne brasileira. A MARFRIG ON avançou 2,13%, enquanto a MINERVA ON registrou uma queda de 3,83%. No dia anterior, os papéis dessas empresas haviam fechado em alta significativa.
Por fim, a AMBIPAR ON, que não pertence ao índice Ibovespa, teve um aumento expressivo de 18,5% após a divulgação de uma proposta de reorganização societária envolvendo várias subsidiárias do Grupo Ambipar.