Os mercados financeiros estão enfrentando instabilidade em virtude da guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, com reações significativas de outros países, especialmente da China, que já anunciou tarifas recíprocas de 34%. O Vix, um índice que mede a volatilidade do mercado, alcançou o nível acima de 60 na manhã desta segunda-feira, o mais alto desde agosto do ano anterior.
No cenário mundial, as bolsas abriram em clima negativo nesta segunda-feira, 7, prolongando o sentimento gerado na semana anterior. Na Ásia, a bolsa de Tóquio ativou o circuit breaker, suspendendo temporariamente as operações. A mesma tendência de queda foi observada na Europa e nas praças financeiras dos Estados Unidos. O Brasil também sofreu impacto, com a moeda americana sendo negociada acima de R$ 5,90. A falta de clareza sobre a situação foi abordada pelo presidente do Banco Central, que destacou a disseminação da incerteza e volatilidade no contexto global.
O estrategista-chefe de uma corretora local apontou que as incertezas sobre as próximas ações do presidente dos EUA e as respostas de outros países estão gerando volatilidade nos ativos financeiros. Com a economia global interconectada, o Brasil não está imune a esse cenário. O impacto direto sobre as exportações para os Estados Unidos é evidente, mas o efeito indireto, especialmente para empresas que operam no mercado norte-americano e que trabalham com preços internacionais e commodities, é considerado mais significativo.
Entre as incertezas citadas pelo economista estão possíveis cortes nos juros nos EUA e suas potenciais consequências sobre a inflação, o que contribui para a volatilidade observada. Essa incerteza tem um efeito negativo na disposição para investir em renda variável globalmente. Outro especialista ressaltou que as flutuações do mercado afetam diretamente as decisões de investimento das empresas e o comportamento de consumo, podendo levar a uma recessão no cenário econômico global.
Recentemente, os mercados já começaram a demonstrar reações intensas a esse perigo, com uma perda superior a US$ 10 trilhões nas Bolsas em três dias. Análises históricas indicam que durante recessões, índices como o S&P 500 tendem a cair entre 20% e 30% a partir de seus picos, com algumas exceções apresentando quedas ainda maiores. Este comportamento do mercado sugere que uma recessão pode já estar sendo precificada.
Além disso, havia uma expectativa de que o governo dos Estados Unidos, sob a liderança do presidente Trump, adotasse medidas de redução de gastos e cortes de impostos corporativos, enquanto se esperava que as tarifas fossem apenas uma estratégia tática na negociação. No entanto, a administração Trump parece ter priorizado as políticas tarifárias, enquanto outras questões políticas ficaram em segundo plano. Nesta manhã, o presidente reafirmou sua postura em relação às tarifas aplicadas a países estrangeiros, afirmando que os Estados Unidos foram mal tratados por outras nações devido a uma liderança inadequada, e descartando um acordo com a China até que o déficit comercial com aquele país seja reduzido.