O preço médio dos veículos novos vendidos nos Estados Unidos poderá sofrer um aumento significativo, na ordem de milhares de dólares, em decorrência da nova tarifa de 25% proposta pelo presidente dos Estados Unidos sobre todos os veículos importados e algumas peças automotivas, conforme análise de especialistas do setor. A nova medida, que se tornará efetiva em 2 de abril, foi descrita por Trump como um momento de “liberação”, com a promessa de estimular o crescimento na indústria automobilística, incentivando a instalação de fábricas de montadoras no território americano.
Recentemente, a Cox Automotive revisou suas previsões de vendas de veículos novos para 2025, reduzindo a estimativa de 16,3 milhões de unidades para 15,6 milhões. Essa mudança foi motivada pela incerteza econômica, questões de acessibilidade e potenciais consequências das tarifas propostas. O CEO da Ford expressou preocupações de que as tarifas poderiam resultar em um impacto negativo sem precedentes na indústria automotiva dos EUA, fazendo alusão a experiências anteriores que levaram a aumentos de custos e confusão nas operações das montadoras.
Adicionalmente, Trump indicou a possibilidade de tarifas recíprocas em abril, após já ter imposto uma tarifa de 20% sobre produtos provenientes da China. As tarifas de 25% sobre importações do Canadá e do México também foram adiadas para o mesmo mês, o que pode afetar uma variedade de produtos, incluindo eletricidade, bebidas alcoólicas, gasolina e madeira.
Conforme estimativas da Cox Automotive, o custo médio dos veículos novos nos EUA pode aumentar até 20%. Um analista da WedBush adverte que os preços podem subir em até 10 mil dólares. Também foi citado que carros novos montados no Canadá ou México podem ter um aumento médio de aproximadamente 5.855 dólares, o que poderia causar uma desestabilização na indústria.
Dados da S&P Global revelam que cerca de 22% dos veículos comercializados nos EUA são importados do Canadá e do México. Diversas montadoras operam fábricas em um desses países, incluindo BMW, General Motors, Nissan, Volkswagen, Toyota e Stellantis. A Ford, por sua vez, deve registrar o menor aumento percentual em preços, dado que aproximadamente 80% de sua produção ocorre nos Estados Unidos.
Durante uma comunicação recente, Trump alertou os CEOs de algumas montadoras sobre a necessidade de não repassar os aumentos de preços aos consumidores em decorrência das tarifas. Ele afirmou que as tarifas beneficiariam as montadoras, ajudando a trazer a produção de volta para os EUA.
A BMW, por exemplo, possui uma planta em San Luis Potosí, no México, onde produz os modelos Série 3, Série 2 Coupé e M2. A Ford tem fábricas responsáveis pela montagem de modelos como Mustang e Bronco Sport, enquanto a General Motors opera quatro unidades no México, montando modelos como Chevy Silverado e Equinox. A Kia e a Nissan também possuem operações de produção no México.
No Canadá, a General Motors fabrica versões do Chevy Silverado, assim como a Ford, que conta com uma unidade em Ontário que já produziu modelos do Edge e deverá começar a produzir caminhonetes Super Duty. A Stellantis mantém fábricas no país que montam modelos como o Chrysler Pacifica e o Dodge Charger.
A Tesla é considerada a montadora que será menos afetada pelas tarifas em comparação a seus concorrentes, pois a totalidade da produção é realizada nos EUA. No entanto, o CEO da Tesla avisou que a companhia não ficará completamente isenta de impactos, especialmente no que diz respeito a peças importadas de outros países, como baterias da China, e que esses custos aumentados podem ser significativos.
