A Índia fez uma acusação ao Paquistão, atribuindo a este país a responsabilidade por um ataque terrorista que resultou na morte de 26 pessoas na região da Caxemira indiana. Este incidente intensificou as já existentes tensões diplomáticas entre ambos os países e levou à suspensão de um importante tratado de compartilhamento de água, que havia sobrevivido a dois conflitos armados entre as nações, ambas possuidoras de arsenais nucleares. O ataque, que ocorreu em uma terça-feira, envolveu disparos contra turistas em um vale cercado por montanhas e foi o mais grave ataque a civis na região nos últimos anos.
Além das 26 mortes, 17 pessoas ficaram feridas no ataque, cujos autores ainda não foram identificados. Durante uma coletiva de imprensa, o secretário de Relações Exteriores da Índia, Vikram Misri, declarou que medidas diplomáticas seriam tomadas contra o Paquistão, ressaltando que uma reunião de emergência convocada pelo primeiro-ministro Narendra Modi identificou “vínculos transfronteiriços” do ataque com o Paquistão, embora não tenha sido apresentada evidência concreta.
O Paquistão, por sua vez, anunciou que responderia às alegações da Índia com mais informações em uma declaração programada para quinta-feira. O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Mohammad, alegou que a Índia estava utilizando o ataque como justificativa para descartar um tratado histórico que busca evitar disputas relacionadas ao uso da água. Na quarta-feira, o governo indiano decidiu suspender o Tratado das Águas do Indo, exigindo que o Paquistão interrompesse de maneira “crível e irrevogável” seu suposto apoio ao terrorismo transfronteiriço.
Como parte das medidas diplomáticas, o secretário de Relações Exteriores indiano mencionou que diversos diplomatas do Paquistão foram convocados a deixar o país, enquanto diplomatas indianos foram retirados do Paquistão, reduzindo o número de representantes de ambos os países de 55 para 30. A principal fronteira terrestre entre as nações também foi fechada. Em resposta, o Ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Ishaq Dar, afirmou que uma posição mais detalhada seria apresentada após uma reunião de alto nível que ocorrerá na quinta-feira, sob a presidência do Primeiro-Ministro Shehbaz Sharif.
O Tratado das Águas do Indo, assinado em 1960 e mediado pelo Banco Mundial, regula o uso compartilhado de um sistema fluvial crucial para a agricultura do Paquistão e já havia resistido a dois conflitos entre os países em 1965 e 1971, além de um significativo em 1999. Paralelamente, as forças indianas iniciaram uma operação de busca pelos responsáveis pelo ataque, mobilizando dezenas de milhares de soldados e policiais na região. Novos postos de controle foram estabelecidos, e foram realizadas revistas e operações aéreas para patrulhar as montanhas. Em algumas localidades, ex-militantes foram chamados para prestar declarações. Em um ato de protesto em reação aos assassinatos, muitos estabelecimentos comerciais na Caxemira fecharam suas portas.
As autoridades indianas classificaram o ataque como um “ato terrorista”, atribuindo a responsabilidade a militantes opositores ao controle indiano sobre a Caxemira. O Ministro da Defesa, Rajnath Singh, garantiu que as autoridades não apenas procurariam os autores do ataque, mas também aqueles que o planejaram. Um grupo militante até então desconhecido, denominado Resistência da Caxemira, reivindicou a autoria do atentado, alegando que os alvos não eram turistas comuns, mas pessoas associadas a agências de segurança indianas. Contudo, não foi possível verificar a veracidade dessa reivindicação.
Recentes informações do governo local indicam que, nos últimos dois anos, 83.742 cidadãos indianos obtiveram autorização para adquirir terras e propriedades na Caxemira. As vítimas do ataque, em sua maioria turistas, foram alvo dos disparos enquanto se encontravam em um vale turístico, uma área conhecida por sua beleza natural e cercada por montanhas.