As conversações entre Estados Unidos e Irã sobre o programa nuclear iraniano foram retomadas em Roma, no último sábado (19), após a realização de uma primeira rodada em Mascate, capital de Omã. Essas negociações, mediadas por Omã, foram descritas como “construtivas” por representantes de ambos os países, que mantêm uma relação tensa desde a Revolução Islâmica em 1979. O chanceler iraniano, Abbas Araqchi, e o enviado americano para o Oriente Médio, Steve Witkoff, realizaram a reunião sem um contato direto entre as delegações, que estavam em salas separadas.
As negociações foram reiniciadas em meio a ameaças feitas pelo presidente americano, Donald Trump, de possíveis ações militares contra o Irã caso um acordo sobre o programa nuclear não fosse alcançado. Durante seu primeiro mandato, em 2015, Trump retirou os Estados Unidos do acordo que limitava o desenvolvimento nuclear do Irã em troca da suspensão de sanções econômicas. A recente declaração do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), Rafael Grossi, indicou que o Irã pode estar próximo de obter armamento nuclear, embora Teerã afirme que seu programa se destina a fins civis.
Desde sua volta ao cargo em janeiro, Trump tem apostado em uma política de pressão máxima contra o Irã, intensificando sanções e emitindo ameaças de ataques. Na quinta-feira, ele afirmou não ter urgência em recorrer a uma solução militar e comentou que acredita que o Irã está disposto a dialogar. Por outro lado, o chanceler iraniano expressou ceticismo em relação às intenções dos Estados Unidos, mas reafirmou a disposição do Irã de participar das negociações.
O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, também manifestou ceticismo sobre as conversas, mas elogiou a organização das reuniões. Os países ocidentais e Israel permanecem preocupados com a possibilidade de que o programa nuclear do Irã tenha objetivos militares. Teerã, no entanto, defende seu direito ao desenvolvimento nuclear para usos civis, como a geração de energia. A IAEA é a entidade responsável por verificar a natureza pacífica do programa iraniano, e ao seu diretor-geral foi atribuída a tarefa de monitorar o progresso das negociações.
Rafael Grossi ressaltou que a fase atual das negociações é crucial e que o tempo é limitado. Desde a saída dos Estados Unidos do acordo de 2015, o Irã tem enriquecido urânio acima dos limites estabelecidos, atualmente alcançando níveis de enriquecimento de 60%, próximos dos 90% necessários para a fabricação de armas nucleares. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, pediu aos países europeus que tomem uma decisão rápida sobre o restabelecimento das sanções a Teerã, ressaltando a violação do acordo anterior.