O jogador Bruno Henrique, integrante do Flamengo, foi indiciado pela Polícia Federal por supostamente forçar um cartão amarelo durante uma partida contra o Santos no Campeonato Brasileiro de 2023, com o intuito de favorecer apostadores. O relatório da PF, que deu origem às acusações de fraude e estelionato, inclui prints de conversas entre o atleta e seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, também indiciado. Além deles, Ludymilla Araújo Lima, esposa de Wander, e Poliana Ester Nunes Cardoso, prima do jogador, estão entre os indiciados por estelionato.
Em uma comunicação datada de 29 de agosto de 2023, dois meses antes do confronto contra o Santos, Wander questiona Bruno Henrique sobre a quantidade de cartões amarelos recebidos até aquele momento, que somavam dois. Em mensagens subsequentes, Wander menciona: “quando [o] pessoal mandar tomar o 3 liga nóis”. Bruno responde afirmando que seria “Contra o Santos”. A conversa indica uma troca de informações sobre a estratégia de jogo do atleta.
Após a conversa inicial, Wander prossegue perguntando sobre a data da partida. Bruno Henrique responde de maneira direta, sugerindo que Wander consulte o Google para obter a informação. Wander subsequente questiona se Bruno conseguiria se manter sem receber um cartão até a data da partida, enquanto Bruno parece minimamente preocupado, relacionando a situação à sua atuação em campo.
No jogo da 31ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2023, o Flamengo foi derrotado pelo Santos por 2 a 1, e Bruno Henrique recebeu um cartão amarelo nos acréscimos do segundo tempo, seguido de sua expulsão por reclamação. O processo da PF trouxe à luz que Wander apostou R$ 3 mil com a expectativa de um retorno de R$ 12 mil no cartão amarelo. No entanto, a aposta foi bloqueada sob suspeita de fraude. O irmão do jogador também havia solicitado um empréstimo a Bruno para saldar dívidas de cartão de crédito.
Em 9 de dezembro de 2023, Wander enviou uma mensagem para Bruno detalhando sua situação financeira e solicitando R$ 4 mil emprestados para cobrir despesas como pensão e pagamento de cartão de crédito. A mensagem invocava um forte apelo emocional, descrevendo as dificuldades enfrentadas para conseguir dinheiro e a necessidade de recorrer a Bruno, enfatizando que este era sua única solução.
Em uma atualização sobre suas apostas, Wander informa a Bruno que a casa de apostas não havia liberado o pagamento da aposta realizada, evidenciando um vínculo entre as apostas e os cartões amarelos forçados. A conversa revela que Wander apostou R$ 3 mil na expectativa de ganhar R$ 12 mil, mas que o valor foi “bloqueado por suspeita”.
Os diálogos e as mensagens entre os envolvidos evidenciam um planejamento que sugere que Bruno Henrique forneceu informações privilegiadas para Wander sobre o cartão amarelo que ele supostamente forçaria, relacionado ao jogo de Flamengo contra Santos. A continuidade da conversa nos dias seguintes mostra uma relação de dependência financeira e a urgência em resolver as questões pontuadas, com solicitações diretas de ajuda financeira por parte de Wander.
No dia seguinte, em resposta ao pedido de empréstimo, Bruno Henrique mostra disposição para ajudar, enviando um comprovante bancário, o que pode indicar que ele estava disposto a fornecer suporte financeiro, recorrendo ao dinheiro da aposta ainda não liquidada. As comunicações entre Bruno e Wander revelam um contexto preocupante que liga as apostas esportivas e as infrações cometidas.