20 março 2025
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Israel Intensifica Ataques Terrestres em Gaza Após Novos Desenvolvimentos

Com o colapso das negociações para uma nova trégua, o Exército de Israel anunciou, nesta quarta-feira, 19, a retomada das operações terrestres na Faixa de Gaza. Um dia após o fim do cessar-fogo, com intensos bombardeios aéreos, as Forças de Defesa de Israel reocuparam o corredor de Netzarim, um local estratégico para o controle militar do território palestino.

De acordo com o governo israelense, a reocupação visa pressionar o Hamas a libertar 59 reféns ainda em cativeiro, dos quais estima-se que apenas 24 possam estar vivos. Essa retomada foi um dos motivos que levaram o Hamas a rejeitar a proposta de cessar-fogo elaborada pelos Estados Unidos, que previa uma nova pausa de 50 dias nos combates. O corredor de Netzarim havia sido desocupado em janeiro como parte da primeira fase da trégua mediada pelo governo norte-americano.

A movimentação militar segue-se a dois meses de cessar-fogo parcial, período em que as tropas israelenses se retiraram, embora a presença militar no corredor de Filadélfia, na fronteira com o Egito, tenha permanecido. A nova ofensiva representa um desdobramento significativo na guerra que começou em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou um ataque contra Israel, resultando na morte de aproximadamente 1.200 pessoas e no sequestro de muitos reféns.

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, anunciou que novas evacuações de civis são esperadas em breve. Em um vídeo divulgado, ele instou os residentes de Gaza a deixarem a região norte, sugerindo que essa seria a melhor alternativa para aqueles que desejam evitar o conflito. Essa declaração gerou reações negativas globalmente, especialmente após comentários do ex-presidente dos Estados Unidos sobre a remoção forçada da população palestina, uma sugestão que foi amplamente condenada por líderes internacionais e considerada contrária ao direito internacional.

A intensificação dos combates resultou em um saldo trágico. Autoridades palestinas informam que pelo menos 436 pessoas foram mortas desde o retorno dos bombardeios, incluindo mais de 130 crianças, conforme dados da UNICEF. Além disso, 678 pessoas ficaram feridas nos ataques israelenses que marcaram o fim do cessar-fogo. O Ministério da Saúde de Gaza, sob controle do Hamas, estima que o número total de vítimas desde o início do conflito ultrapasse 49.000.

Sobre as negociações, o primeiro-ministro israense, Benjamin Netanyahu, afirmou que as discussões agora ocorrerão “sob fogo”. Tal afirmação surge em um contexto de pressão interna de membros de sua coalizão, como o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, que defende uma resposta ainda mais rigorosa a Gaza. Ben-Gvir havia deixado a administração após a aprovação do cessar-fogo em janeiro, mas retornou à aliança recentemente.

Enquanto isso, familiares de reféns israelenses continuam a criticar o governo, temendo que a nova ofensiva prejudique as chances de resgate. Milhares de pessoas se manifestaram nas ruas de Tel Aviv, exigindo um acordo que possibilite o retorno dos sequestrados enquanto ainda estão vivos.

Frente à escalada dos combates, o Hamas anunciou sua disposição a negociar uma nova trégua. Contudo, o grupo encontra-se em uma posição cada vez mais fragilizada, com sua infraestrutura militar severamente danificada e suas conexões com aliados no Oriente Médio comprometidas. O Hezbollah no Líbano está em situação precária, o apoio do Irã está sob risco e os rebeldes hutis do Iémen, que realizavam ataques a Israel, enfrentam uma nova ofensiva estadunidense.

A análise israelense considera que a adoção de uma postura de pressão total, com o reinício dos combates em Gaza, pode forçar o Hamas a fazer concessões. A questão que persiste é o alto custo dessa estratégia arriscada e o tempo que pode levar para se mostrar eficaz. Até o momento, o grupo palestino não indicou disposição para recuar de exigências como a retirada total das forças de Israel do enclave e um acordo para o fim permanente da guerra, que Tel Aviv só aceitaria se o Hamas deixasse de governar Gaza de forma duradoura.

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