Pelo menos nove palestinos foram mortos e outros ficaram feridos em um ataque aéreo realizado por Israel na cidade de Beit Lahiya, localizada no norte da Faixa de Gaza. A informação foi divulgada pelo Ministério da Saúde da região. Este ataque ocorre em meio a negociações de cessar-fogo que estão sendo conduzidas pelos líderes do Hamas com mediadores no Cairo. Relatos de autoridades de saúde indicam que várias pessoas ficaram gravemente feridas após um carro ter sido atingido, com vítimas dentro e fora do veículo.
Testemunhas afirmam que os ocupantes do carro estavam em uma missão para a Al-Khair Foundation, uma instituição de caridade, e contavam com a presença de jornalistas e fotógrafos no momento do ataque. De acordo com a mídia local palestina, pelo menos três jornalistas estão entre as vítimas fatais.
Em resposta, o Exército de Israel comunicou que os ataques visaram dois indivíduos identificados como “terroristas” que operavam um drone considerado uma ameaça para suas forças em Beit Lahiya. Posteriormente, outros suspeitos que, segundo informações, haviam coletado equipamentos do drone foram atingidos após entrarem em um veículo. Israel não divulgou informações sobre como qualificou os indivíduos como “terroristas” nem detalhou a natureza da ameaça representada pelo drone.
O incidente destaca a fragilidade do acordo de cessar-fogo, que havia sido estabelecido em 19 de janeiro para interromper os combates na Faixa de Gaza. Autoridades de saúde palestinas relataram que várias dezenas de pessoas foram mortas devido ao fogo israelense mesmo após a declaração de trégua. Salama Marouf, responsável pela mídia do governo de Gaza, negou as alegações do Exército, afirmando que a equipe era composta por civis em uma missão humanitária e não apresentava nenhum tipo de ameaça.
O Hamas acusou Israel de tentar desrespeitar o acordo de cessar-fogo e reportou que 150 palestinos foram mortos desde 19 de janeiro. O grupo militante pediu aos mediadores que exigissem a implementação do acordo em fases, responsabilizando o primeiro-ministro israelense pelo impasse atual. O Exército israelense declarou que suas forças agiram para neutralizar ameaças de “terroristas” próximos a seus militares.
Desde a expiração da primeira fase do cessar-fogo em 2 de março, Israel tem rejeitado a abertura de uma segunda fase de negociações que exigiria um fim permanente do conflito, a principal demanda do Hamas. O incidente ocorreu durante a visita do líder exilado do Hamas a Cairo, buscando novas negociações de cessar-fogo para solucionar disputas com Israel que poderiam levar ao reinício dos combates.
Recentemente, o Hamas ofereceu a libertação de um cidadão americano-israelense em troca de avanços nas negociações para um cessar-fogo permanente, proposta que Israel classificou como “guerra psicológica”. A guerra teve início em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou o sul de Israel, resultando em 1,2 mil mortes e 251 reféns, de acordo com contagens israelenses. O contra-ataque subsequente de Israel em Gaza causou mais de 48 mil mortes entre os palestinos, destruindo grande parte do território e gerando acusações de genocídio e crimes de guerra, que Israel nega.