O deputado André Janones (Avante-MG) mantém uma presença nas redes sociais consistente com sua reputação, que inclui postagens frequentemente agressivas em relação a adversários políticos e interpretações controversas de acontecimentos. A realidade é que, após ser investigado por apropriação indevida de salários de seus funcionários, Janones não alterou seu comportamento público, apesar de as ações terem sido comprovadas como criminosas. Ele se destacou inicialmente como um porta-voz da greve dos caminhoneiros, que impactou o Brasil em 2018, conquistando um grande número de seguidores e, subsequentemente, uma cadeira no Congresso Nacional. Em 2022, Janones tentou a candidatura à presidência, mas acabou auxiliando a campanha de Lula, que o elogiou publicamente pelo esforço em combater a fome no país.
Entretanto, a postura combativa de Janones não condiz com suas ações enquanto ocupante de um cargo público. Antes de sua eleição, ele criticava políticos suspeitos de envolvimento em irregularidades. Ao assumir seu mandato, foi acusado de implementar um esquema de rachadinha, que consiste na apropriação de parte dos salários de assessores. Ele foi denunciado por um ex-assessor, inicialmente refutando as alegações, mas acabou reconhecendo o crime em um acordo com a Procuradoria-Geral da República. A confissão resultou na obrigação de devolver os recursos desviados e pagar uma multa, sendo que a penalização foi considerada branda para as acusações enfrentadas.
A Polícia Federal indiciou Janones por corrupção passiva, peculato e associação criminosa, citando que ele apropriou 131 mil reais de dois servidores. Ele utilizou um cartão de crédito emitido em nome de um assessor para despesas pessoais, que era reembolsado pela Câmara, complicando o rastreamento das transações. Durante o período de investigação, foi constatado que ele também recebia parte dos salários em dinheiro, desviando os valores dos servidores contratados para operar o esquema.
Uma ampla investigação da Polícia Federal revelou que Janones havia obtido benefícios financeiros de maneira ilícita em várias situações, configurando um padrão recorrente de má conduta. Ele foi identificado como o elo principal de uma organização criminosa. Após ser intimado a depor, exerceu seu direito ao silêncio, enquanto o inquérito, com mais de 2.000 páginas, foi enviado à Procuradoria-Geral da República para a apresentação de possíveis denúncias.
Apesar da gravidade das acusações, a PGR considerou que o esquema de rachadinha não era suficiente para caracterizar corrupção ou organização criminosa, resultando em um enfoque na acusação de peculato, que prevê uma pena máxima inferior a quatro anos. Assim, Janones concordou em restituir os valores subtraídos e pagar uma multa, evitando uma condenação maior. Com esses desdobramentos, o deputado se esquivou de múltiplas consequências legais e continuou com seu engajamento nas redes sociais, onde possui uma base de seguidores crescente.
