Após um extenso período de preparação, a JBS concluiu seu processo de listagem no mercado americano no dia 13 de junho. Durante sua estreia na Bolsa de Nova York (NYSE), as ações da empresa registraram um aumento de 1,61%, finalizando o pregão cotadas a US$ 13,87. A companhia mantém sua listagem no Brasil, onde os investidores podem acessar apenas os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) da empresa, negociados sob o ticker JBSS32. No total, a JBS movimentou cerca de US$ 285 milhões, considerando tanto as ações quanto os BDRs, um volume aproximadamente 4,5 vezes maior do que a média dos últimos 12 meses.
Essa migração para Nova York faz parte de uma estratégia mais ampla da fábrica visando aumentar sua visibilidade entre investidores globais e facilitar o acesso a fundos cujos mandatos restringem investimentos a ações listadas nos EUA ou que impõem limites menores para ativos fora do país. A operação se concretizou quase uma década após a JBS anunciar pela primeira vez seu interesse em acessar o mercado americano por meio da listagem da JBS Foods International. O tema voltou a ser relevante em 2023, com a empresa apresentando um plano de dupla listagem que foi aprovado pelos acionistas minoritários em maio.
Com mais da metade de sua receita proveniente de operações na América do Norte, a JBS considerava esta listagem como um passo natural. A proximidade com investidores americanos poderá permitir que a empresa seja avaliada de maneira mais justa em comparação a seus concorrentes locais. De acordo com especialistas do mercado, a JBS já conseguiu reduzir a diferença em relação ao custo da dívida, que atualmente está alinhada à de grandes concorrentes, como a Tyson. Com a listagem nos EUA, há expectativas de que a diferença de valuation também diminua.
Embora a diferença no valuation tenha diminuído desde o anúncio da dupla listagem, ela ainda é significativa. Apesar de ser uma empresa maior e mais diversificada, a JBS está sendo negociada com um desconto aproximado de 20% em relação à sua concorrente americana, em termos de múltiplos enterprise value/EBITDA. A expectativa é de que, no médio prazo, haja uma convergência desses múltiplos, apontando para um potencial de valorização das ações entre 25% e 30%.
No primeiro trimestre, a JBS reportou uma receita líquida de R$ 114,12 bilhões, o que a colocaria entre as 50 maiores empresas em faturamento nos Estados Unidos, considerando a cotação atual do dólar. O porte da companhia no mercado local gera expectativas de que suas ações possam ser incluídas em importantes índices americanos no futuro. Especialistas sugerem que o tempo estimado para a JBS ingressar em índices secundários, como o Russell 2000 e o MSCI US, é de cerca de 12 meses, enquanto para o S&P 500 a previsão é de dois a três anos.
A JBS atende aos critérios necessários para ser incluída no S&P 500, exigindo uma aplicação que demonstre sua relevância para o setor e a significância de suas operações nos Estados Unidos. Embora o processo possa ser complexo, há uma expectativa alta para que seja bem-sucedido, embora não a curto prazo. Vale ressaltar que essa aplicação poderá ser feita somente um ano após a listagem.
Outro fator que poderia facilitar a inclusão no S&P 500 é a possível mudança da sede da empresa para os Estados Unidos. Essa movimentação pode ser realizada em um período de um a dois anos, embora não seja vista como determinante. A JBS não seria a primeira multinacional a integrar o S&P 500 mantendo sua sede fora dos EUA, seguindo exemplos de outras grandes empresas.
A inclusão da JBS no S&P 500 é vista com otimismo, pois a participação no índice pode atrair uma quantidade significativa de capital, pois serve de referência para distintos ETFs. Embora os índices Russell e MSCI sejam importantes, o S&P 500 é considerado o principal objetivo, uma vez que empresas como a Tyson têm um número de fundos passivos muito maior em comparação à JBS.
Com a melhora na atratividade das ações, a empresa também pode aumentar sua capacidade de capitalização por meio de emissões futuras, possibilitando uma nova rodada de aquisições. A JBS tem manifestado intenções de acelerar sua expansão internacional através de uma aquisição significativa no setor de proteínas. Nos últimos anos, a empresa tem focado na produção de alimentos preparados, que apresentam maior valor agregado, contribuindo para a estabilidade das margens e reduzindo a volatilidade.
A JBS tem uma história de aquisições e reestruturações bem-sucedidas, com exemplos como Pilgrim’s, Swift e Seara. Ao longo da última década, diversas aquisições foram realizadas para aumentar o valor agregado da companhia. Com a listagem e o potencial aumento de capital, a expectativa é que esse processo de expansão seja acelerado.
