Receber o diagnóstico de câncer de próstata durante exames de rotina pode ser uma experiência chocante. Em março deste ano, um renomado músico teve essa revelação pouco antes de um concerto agendado no Carnegie Hall, em Nova York, que seria sua despedida do circuito internacional. O impacto emocional foi significativo. Esse artista, que já enfrentou 31 cirurgias ao longo da vida, teve que aprender a se adaptar constantemente às circunstâncias. Um exemplo de sua resiliência foi uma apresentação em Berlim, onde tocou piano mesmo enfrentando uma apendicite crítica, realizando a cirurgia logo após o espetáculo.
Aos 22 anos, o músico foi diagnosticado com distonia focal do músico, uma condição neurológica semelhante ao Parkinson, que não possui cura. Para continuar sua carreira, ele se submeteu a um procedimento complexo com um estimulador cerebral, o que lhe permitiu controlar os sintomas e seguir em frente. Ao longo de seis décadas, conviveu com dores e desconfortos, interrompendo a carreira em duas ocasiões e ajustando suas técnicas ao tocar. Dentre as suas conquistas, tornou-se maestro, iniciando essa nova fase de sua carreira aos 63 anos.
Diante do diagnóstico de câncer, o artista decidiu realizar a cirurgia imediatamente, e a remoção do tumor foi um sucesso. No entanto, a recuperação foi difícil e a urgência de se restabelecer era clara, pois ele não queria perder a apresentação há muito esperada. A poucos dias do concerto, uma infecção viral provocou uma tosse severa, mas mesmo assim o artista conseguiu realizar sua apresentação. O repertório incluiu obras de Bach e composições de Villa-Lobos, além de uma demonstração inovadora com luvas biônicas que auxiliam no movimento dos dedos.
O músico está atualmente em uma fase de transição de carreira, dedicando-se à educação musical. Ele planejou passar adiante os conhecimentos que obteve ao longo da vida, incentivado pela paixão musical que recebeu do pai. Desde jovem, dedicou-se à música, e agora busca tornar o aprendizado musical acessível e divertido para as crianças, evitando que elas vejam a música como um fardo. Uma metodologia educacional desenvolvida por ele será implementada em várias escolas brasileiras a partir de 2026.
Durante seu concerto de despedida, carregado de emoção, o artista foi ovacionado de pé por 3.000 pessoas antes mesmo de tocar qualquer nota. Essa recepção representou um momento culminante em sua trajetória marcada por adversidades. Ele aprendeu a encarar os desafios físicos como algo que pode ser superado e acredita que os verdadeiros problemas são de natureza espiritual. Para ele, a música é uma forma de conexão espiritual e representa a presença do divino. O último concerto foi intitulado “Music Always Wins”, simbolizando a ideia de que a música triunfa sobre todos os desafios. Após enfrentar um procedimento anestésico delicado com mais de 80 anos, ele considera ter realizado o melhor concerto de sua vida.